19/10/17

Ivan Galvão recebe medalha de honra


Foi entregue na noite de ontem, 18 de outubro, a medalha de Honra ao Mérito Armando da Fonte ao Sr. Ivan Galvão, em homenagem aos 75 anos da Livraria Estudantil de Caruaru. 
O autor da propositura foi o vereador Alberes Lopes, que expressou o motivo da mesma:


"O reconhecimento é fruto do trabalho e dedicação que Ivan Galvão destinou ao município de Caruaru, com destaque para o ativismo socioeconômico-cultural, preservação do patrimônio e atividade econômico, que contribuíram para o desenvolvimento sustentável da Capital do Agreste."

FOTOS: VLADIMIR BARRETO RODRIGUES


Histórico
Situado na rua Duque de Caxias, espaço abriga milhares de títulos das mais diversas áreas. A Estudantil figura, inclusive, entre as poucas livrarias do Interior do Estado

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Foto: revista da Papelaria


Por Diogenes Barbosa

Em 16 de agosto de 1942, Caruaru ainda possuía ares de província. A cidade ainda não era símbolo de desenvolvimento econômico ou industrial, mas começava a despontar iniciativas que, nos anos seguintes, iriam transformar a realidade local. Em meio ao caos causado pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945), surgiu nesta data a Livraria Guerra, que, meses depois, mudou de nome e passou a se chamar Livraria Estudantil. Um marco para a história da Capital do Agreste. Fato que ganha ainda mais respaldo com os 70 anos que a tradicional livraria irá comemorar no dia 16 de agosto.

São setenta e cinco anos de uma das empresas mais tradicionais no ramo de livros e publicações no Interior do Estado. A Estudantil foi, inclusive, referência na distribuição e venda de periódicos, numa época em que a maioria das informações circulava basicamente pelos espaços e livrarias da capital pernambucana.

De acordo com o empresário Ivan Galvão, que dá continuidade ao antigo projeto do pai, Galvão Cavalcanti, inicialmente a pequena livraria ocupava um cômodo de um imóvel próximo ao atual prédio. "O meu pai idealizava uma casa que pudesse trazer para Caruaru informação e contribuir para o desenvolvimento cultural. Isso em uma época em que as referências nesse sentido estavam no Recife", detalha.

Inicialmente, a livraria funcionava no pequeno espaço situado no antigo Beco Major Sinval. "Em 1950, a Estudantil passou a funcionar no local onde está até hoje, ou seja, ganhou um pouco mais de autonomia e, consequentemente, conquistava mais clientes, atraídos pelas publicações que eram vendidas no espaço. O novo prédio contava com 16 portas de madeira, com travas de ferro que garantiam a segurança do acervo. Foi, então, quando começou a procura por periódicos especializados, principalmente por parte de profissionais liberais como advogados e professores que circulavam pela cidade na época", destaca Galvão.
O local passou a figurar como um ponto de encontro para intelectuais e pessoas ligadas à literatura, às artes e até mesmo à música. "Na época, a cidade já era referência na literatura, através de nomes como Álvaro Lins, Austregésilo de Athayde e José Condé. Inclusive, a Estudantil sediou vários lançamentos de obras desses autores", revela Galvão.

O empresário faz relatos de uma época na qual, segundo ele, Caruaru vendia, proporcionalmente, mais exemplares da Revista Cruzeiro do que Recife. "Sempre quando o caminhão de entrega estacionava na lateral da Duque de Caxias para deixar os exemplares na livraria, formava-se uma fila ao longo das calçadas", situa Galvão.

No acervo histórico da Livraria Estudantil estão guardados exemplares da Revista Seleções comercializados nos primeiros anos após a fundação do espaço. "Ao longo dos anos, ex-clientes da livraria retornaram e fizeram a doação desse material, como forma de contribuição para preservação da identidade histórica da Estudantil", recorda Ivan Galvão, que acrescenta: "O doutor Galvão, como era conhecido o meu pai, era um idealista, uma pessoa que, apesar de não ter nascido em Caruaru (era natural de Timbaúba), se envolvia e se dedicava a contribuir com a memória artística e o desenvolvimento da cidade.''


As cores da marca da livraria (azul, vermelho e branco) remetem, inclusive, às da casa onde Galvão Cavalcanti foi criado em Timbaúba. "O meu pai acreditava que essas eram as cores da sorte", aponta Galvão.

Sorte ou ousadia em acreditar em um empreendimento que contribui para a formação das pessoas, Galvão Cavalcanti criou um dos principais espaços do gênero no Estado. Um dos poucos em funcionamento no Interior de Pernambuco. Um espaço que encanta clientes e visitantes como a historiadora Margareth Caldas, de 34 anos. "Confesso que, às vezes, caio na tentação de aproveitar uma promoção em alguma livraria virtual, mas nada como ter o material em mãos e poder levá-lo para casa.''

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