17/12/17

OS FANTASMAS DA IGREJA VELHA - Iran Bradock

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- Vocês não pode invadir a cidade, já passou o tempo de vocês. Tão inocentes foram massacrados, expulsos... - Dizia sentado por trás da igreja velha de Nossa Senhora da Conceição. O mendigo Lírios falando em uma conversa redonda, mas não havia ninguém.

Todos e todas que pasavam por ali riam de sua cara lavada, era hora de almoço o cheiro das casas de comida tomava a vila a fora. Massacrando as tripas e estômago do pés rapados. Bêbados, mendigos viciados em jogos de azar e moradores das ruas... habitantes das margens do rio, (a origem do ribeirinhos) tanto aqui como na Amazônia já existiam. 

- Oh! Lírios bora tomar uma? - Indaga João Meretriz portando uma garrafa de pinga artesanal. O morro da onça era a visão que se tinha lá dos fundos da igreja velha, (ex Capela) a primeira da cidade.

- To sem vontade! - Retruca o mendigo poeta aceitando o tal recipiente de água ardente.

Dando logo três fortes tragos na pinga na boca da garrafa. 

- Agora só tem uma coisa, - Disse João Meretriz, sugurando uma bolsa de sardinhas meretrizes, (Questão das cazinhas lá das "Pretinhas" no fim da rua Preta, assavam sempre sardinhas, por não ter capital para comprar outro tipo de carne. Pessoas ex escravizadas, outra origem do baixo meretrício). - Ai eu não bebo, - Continua: - O povo diz que ai é meu assombrado. 

- Dizem que essa ijgreja velha de duas torres, aqui no marco zero, eu chego a sentir o fedor do rio. Eu vejo o povo jogar excrementos e urina dentro do rio, na calada da noite. 

Eu vejo tudo, demônios, mulheres infiéis e homens namoradeiros, pulando janelas de moças. 

- Caramba! Dizem também, Zé Matuto mesmo me disse umas histórias, que eu nem tenho coragem de reproduzir. - Disse João.

- Dessa mesma igreja velha ser construída sobre uma vala indigina. 

- Ou seja, o cemitério de índios canibais e escravos fujões. 

-Hum... 

- Deus que me livre! - Exclama 

- Meu santo pai.

Beberam até ficar caídos ambos metade do corpo na calçada de terra batida lá nos fundos da Igrejinha da padroeira da vila da baixada das Caruaras.

Quando João Meretriz desperta , sua cabeça por cima da barriga do poeta e mendigo Lírios.

Quando avistara:

- Meu pai! - Exclama assustado olhando o nada.

" Não to acreditando! (...) Mas é um exército de índios... fantasmas, e eles estão todos nus ".

- Oque vocês querem comigo? Não fiz nada! Vão embora! - Brada João atrás da Capela de Nossa Senhora da Conceição. Lá na rua Quinze de Novembro. No centro da tal Vila no sul do agreste.

Era espíritos perdidos de índios pintados para a guerra. Com arco e frecha de ectoplasma lhe disparara... atingira bem em cheio em seu coração. O clima gelado, (...) descera para baixo.

João Meretriz sofrera um infarto fulminante, caíra estatalado ali bem ali por trás da Capela no Marco zero lado esquerdo do rio, como quem vem das portas do sertão seco e extremo.

Lírios ganhara logo a alcunha de "pé de cana"

Ou 'Imortal da cachaça'.

Quando estava mesmo afim de beber, fazia recitais relâmpagos em frente a algum estabelecimento de pequeno comércio...

Ganhara  moedas e cachaça.

Sempre nos crepúsculos voltara para os fundos da igreja da Conceição. A noite fria, o vento levanta a poeira, excremento de cavalo, cabra e gado. De repente uma brisa caíra ceifando qualquer chance de uma noite sob estrelas...

Mas não arredara o pé, dormira bêbado exausto sem deixar aquele já lendário lugar por trás da Capela a céu aberto.

Acordara já o sol de fim de manhã... queimando o seu queimado rosto...

As roupas sujas, rasgadas a pele enrugada e imunda, barba e bigode enormes, não havia mais dentes em sua escondida boca por questão dos pelos compridos, grisalhos e amarelados de comida agarrada, impregnada.

Naquela noite e adentro madrugada sofrera o frio das almas. Ainda sim alcoolizado.

Outra noitada dessas tivera uma vizita; (...) era a mendiga Serafina antigo amor de juventude...

Domiram juntinhos... um esquentando o outro. Antes ainda de ladinho lá no fundos escuros da Capela,  o poste de madeira com desfeito no candeeiro a gás. Baixara suas calças bem no por trás do pescoço grudento lhe beijara, enquanto forte e seco lhe penetrara...

O sexo das madrugadas.

Dormiram logo em seguida até amanhecer o dia. 

Ali na Vila da baixada das Caruaras.

O sol quente, o vento de repente levanta poeira... uns caixeiros passando montados em jumentos mineiros.

Uma boiada se aproxima...

Vaqueiros bêbados abrem caminho.

Lírios acordasse estava sozinho... sua companheira de noite já se fora sem nem lhe acordar.

Da turma do funil veio o convite, era uma bebedeira lá no alto do Morro da onça.

Mandaram lhe chamar...

" Faz tempo que não subi ai... já vi dizer que existe cangaceiros do bando de Lucas da feira estão por lá, salteadores... Morro estranho... ".

Subirá pela estrada de terra, pedras e matos tão altos quanto um.ser humano. O vento outra vez castigava, uivava... a poeira levantara.

A vista da vila... um ou outro arruado de casas, casarões e casebres.

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Iram F. R. Bradock

Um comentário:

Unknown disse...

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