13/02/18

Especial Carnaval 2018 - O despertar de outro Carnaval em Caruaru - Prof. Urbano Silva

Carnaval de 1946 na rua da Matriz. 

Iniciamos o mês de fevereiro e tradicionalmente em nosso calendário celebramos o Carnaval. O próprio termo “Fevereiro” é muito parecido com ferver, que por sua vez é a raiz de Frevo, esse ritmo genuinamente pernambucano, que denomina nosso mais autêntico gênero musical. 
Nos arquivos históricos de nossa Caruaru, encontramos registros fotográficos e escritos dos bons carnavais de outrora, vivenciados na terra dos Condés. O Carnaval ainda pode ser denominado como a mais popular festa do Brasil, raro momento onde a fronteira que separa as pessoas por níveis social e econômico não tem vez. E assim foi também em Caruaru. 
O Baile Vermelho e Branco? 
Durante décadas uma das marcas mais importantes do nosso carnaval. 
Eu próprio fazia parte da equipe da Fundação de Cultura em 1997 quando trouxemos para nossa cidade parte do bloco Galo da Madrugada, o maior agrupamento carnavalesco do mundo. Fizemos uma parceria com a Fundação Cultural Banco do Brasil, que custeou o evento, e acreditávamos que seria o marco para reativar a participação popular nesse evento. Até o Sr. Enéas, fundador do famoso bloco, esteve presente. Infelizmente, não tivemos continuidades e o projeto se limitou a esta única edição. Na segunda metade dos anos 80, iniciou-se a rota dos foliões rumo ao litoral, e essa prática tem se fortalecido ano após ano. 

Perguntar não ofende: aquelas pessoas com menos dinheiro para essa rota, estão sentenciadas a ficar sem nenhuma alternativa durante todo o período carnavalesco? Infelizmente a resposta ainda é sim. Por falta de planejamento político e apoio empresarial, não existe Carnaval em Caruaru. Uma cidade com 138 mil alunos, não deveria perder a oportunidade de tratar essa questão em sala de aula, e a partir daí convocar as comunidades de bairros e clubes de serviços para incentivar o surgimento de um novo modelo, talvez não no centro da cidade, devido as questões de mobilidade e violência, mas criando núcleos de frevo em bairros e zona rural, dando também a ênfase devida as nossas raízes culturais (samba, caboclinhos, maracatus, la ursa, frevo etc). 

A nossa juventude tem o direito de conhecer o passado para o valorizar, e os nossos idosos merecem a alegria de recordar seus bons tempos de folia. A cidade que se propõe a fazer o maior São João do mundo ganharia em aspectos culturais se propusesse à sociedade a reconstrução do nosso Carnaval. Temos artistas sem público e público sem artistas. Os Pierrôs, Arlequins e Colombinas querem despertar em Caruaru ao som da magia do Frevo.

Educação libertadora já!

Prof. José Urbano

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