12/12/18

A ESPERANÇA DO ENCONTRO DO EU COMIGO. por Marco Aurélio Freire


O mais interessante nestes tempos nos quais vivemos são as promessas nas quais acreditamos.

Nossa tecnologia nos legou duas coisas. A primeira uma potencial transformação da nossa realidade, através de novos produtos, novas aplicações para velhos produtos, novos serviços que se adequam a necessidades que gerações atrás sequer existiam. A segunda foi a promessa de que nossas vidas teriam mais lazer, conforto, comodidade, tempo livre etc.
Ambas as situações paradoxalmente foram cumpridas. Ainda assim nesta segunda parte há que vermos qual o preço. Lazer, comodidade, conforto e tempo livre são exatamente as coisas não-materiais mais procuradas por todos.

E talvez as mais difíceis de se obter. Apesar da facilidade de comunicação dos tempos atuais, do trabalho em casa (home-office), do alcance a recursos financeiros, de darmos apenas um clique ou apenas com um toque dos dedos o mundo se abrir em nossas telas, muitas vezes nos vemos cansados, atolados e imersos num mar de informação, cobranças, e desejosos por mais tempo para nós mesmos, para nossos familiares, amigos e sentindo uma certa nostalgia sobre décadas anteriores ao nosso acesso a tanta tecnologia.

E é nessa hora na qual nos lembramos de outros tempos, da nossa infância, de nossos ideais da juventude que fazemos um balanço entre tudo aquilo que sonhávamos e tudo aquilo que hoje desejamos.

Nossas experiências, nossos sonhos, nossa visão de mundo, nossa leitura da realidade. Tudo isso nos diferencia diante da vida e ao mesmo tempo nos torna iguais.

Diante disso quando chegamos ao final de um ano, que nada mais é que um ciclo de tempo que convencionamos adotar, é que percebemos que essas voltas que a vida dá, são recheadas por aquilo que realmente nos interessa. Podemos ter ajuda de nossa tecnologia, para guardar memórias, fotos, acontecimentos, pessoas. Podemos criar jeitos diferentes de marcar estes ocorridos, compartilha-los em forma de #tbt, de 140 caracteres, de memes, de hipertexto, de tantas formas que ainda inventaremos.

Mas o mais importante é descobrirmos que não importa se estivermos ainda nas cavernas, na lua, ou nas redes sociais, há uma coisa que nunca muda: Nossa esperança de que a cada ciclo, a cada tecnologia que inventamos, a cada rearranjo que fazemos, a criança que habita dentro de nós, traquina em sua pureza, vívida em sua simplicidade, nos faz sermos exatamente quem a gente é. E como diz o poeta: Isso ainda nos levará além.


MARCO AURÉLIO DA SILVA FREIRE, PROFESSOR UNIVERSITÁRIO, ANALISTA POLÍTICO E ESPERANÇOSO COMO UMA CRIANÇA NOS ENSINA SER.

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