22/10/18

Cândido (Parte II) por Nelson Lima

Colunistas

Núbia está muito ansiosa para saber qual dos dois candidatos a namorado, é honesto, sincero, puro, quer dizer, se é que se consegue reunir numa só pessoa estes três incríveis adjetivos. Foi aí que resolvi não esperar para a segunda 29 e continuar nessa semana o assunto da segunda passada.

Mais uma vez ao ficar pensativa, cochilou e na variação da mente, ou seja, quando sua imaginação assumiu o piloto automático, mergulhou no horizonte do subconsciente e visualizou ambos, no depois dos acontecimentos, e se deparou com vivências surrealistas na transcendência do inconsciente. Ela teve variações com Jair e Fernando. Nota-se que os demais paqueras foram descartados no conjunto de imagens que se apresentaram ao seu espírito durante o sono.
Com Jair ela se viu morando numa casa bem estilosa, moravam bem. Numa discussão ela dizia:

Núbia - durante o namoro você me prometeu segurança, que bandido teria morada merecida em local distinto. É que Núbia morava em uma parte da cidade onde era de difícil acesso, viviam inquietos quando saíam ou voltavam para casa, os bandidos transitavam a qualquer hora do dia ou da noite. E quando alguns deles eram presos, pela eficiente ação policial, não demorava muito a Lei soltava (Lembro que a Lei são os legistas, e os legistas são a bancada Federal). Pois bem, voltemos à discussão dos dois.

Jair retrucou: Ah, hoje os tempos são outros.

Núbia – Mas você prometia com tanta propriedade, certeza, que terminei me convencendo que devia confiar.

Jair – Casamento é assim mesmo, temos que fazer escolhas e conviver com as consequências.

Núbia – Escolhi você pelas suas promessas também de que a família é sociedade primordial.

Jair – Repito: cada tempo com suas modernidades.

A discussão se prolongou repassando várias outras promessas. Foi quando, como que a bússola do tempo do mundo dos sonhos virasse e ela se viu com Fernando. Numa casa bacana e num bom bairro da cidade.

Núbia – Não sei por que nessa casa tudo tem que ser do seu jeito, do seu gosto.
Fernando – Ao menos lhe aviso do que vai ser feito, e outra, sou eu quem boto as coisas dentro de casa.

Núbia – Mas lá no tempo de namoro, a conversa era que nosso lar seria uma democracia, haveria diálogo, um sempre ouvindo o outro e decidindo juntos.

Fernando – Eu tenho mais vivência que você, quando resolvo fazer mudanças no convívio caseiro, é porque já estou certo do que estou fazendo.

Núbia – Esse foi meu erro, achar que estava certa na decisão de escolher você para conduzir nossas vidas. Eram tantos candidatos interessados em mim, a fila era grande. Gostaria de ter tido mais critério nessa escolha.

Fernando – Não uso critérios e sim estratégias.

Núbia – Eu sempre pensava, quando tivesse filhos, lhes dar uma boa educação, estudo que nunca tive. E você tinha discurso bom sobre educação. Hoje os meninos vivem em escolas do governo.

Fernando – Deixem de queixa, vocês têm vida boa.

Núbia engoliu seco e se foi pra cozinha. Não tinha mais o que fazer.
Mas se ligue, eu terei o que escrever próxima segunda.

4 comentários:

nayharrison1996@gmail.com disse...

incrível!

Unknown disse...

Excelente! Vale uma boa reflexão do momento que estamos vivendo.

Unknown disse...

Excelente, vou esperar a parte III

Wilson macedo disse...

Estou atrasado!