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Antes de almoçar, experimente ir lá atrás,
depois da feira de ervas, você irá encontrar “A Casa de Cultura José Condé”.
Esse museu foi construído por iniciativa do
então prefeito da época, Anastácio Rodrigues que teve essa idéia no ano de
1971, mesmo ano de morte do escritor José Condé. O museu foi inaugurado no
último dia de mandato de Anastácio, 31 de Janeiro de 1973, e recebeu o nome de Casa de Cultura José Condé, como forma de
homenagem ao escritor.
O museu conta com salas para realização de
oficinas e aulas, e outras de exposição com acervos e histórias de personagens
importantes de Caruaru, como Ludugero & Otrope, Tavares da Gaita e por aí vai. O museu
também conta com uma sala toda destinada a brinquedos da feira e uma outra
exclusiva para José Condé, com quadros, fotografias, livros, e materiais de uso
próprio do escritor.
Volte para o interior da feira, passe pelo
aroma da feira de ervas, escute a cantoria pé-de-parede dos poetas repentistas
no bar do repente e vá seguindo o rastro dos córdeis. Em algum momento à
direita, vai estar lá o Museu do Cordel
Olegário Fernandes.
O museu foi inaugurado em 2002, mas idealizado
por mestre Olegário desde 1999, e leva esse
nome em homenagem a esse grande poeta cordelista de Caruaru. O lugar conta com
mais de 10 mil títulos de cordéis entre clássicos e novos. Inclusive, já
comprei lá clássicos de José Pacheco e Sales Arêda, até córdeis mais recentes como
o de Dorges Tabosa, que homenageia o centenário de José Condé.
Saindo da feira e seguindo pela rua do Colégio
das Freiras, ali na Baixinha do Gregorinho, pegue à direita na Rua da Frente e
siga sentido o beco de Major Sinval, mas vire a esquerda no beco anterior: o
beco do mercado de farinha.
O colégio das freiras foi inaugurado na década
de 20, e é o atual Colégio Sagrado Coração. A Baixinha do Gregorinho era como
aquele setor era chamado, porque antes de ser o Colégio das Freiras, era o
Chalé do Gregorinho naquela esquina. Rua da Frente é a atual 15 de Novembro. Beco de Major Sinval é o atual beco da Estudantil.
Essa é a cidade de quando o Mercado de Farinha
foi inaugurado, em 1924 (além de ser a mesma cidade dos romances de Condé) durante a administração do prefeito Celso Galvão
(1922-1925). O prédio funcionou como mercado de farinha até 1992, abrigando
feirantes que comercializavam cereais e farinha de mandioca na feira de
Caruaru. 1992 foi o mesmo ano que a feira foi transferida para o parque 18 de
Maio, e o Mercado de Farinha foi transformado no Memorial da Feira pelo então
prefeito João Lyra Neto, passando a se chamar de Espaço Celso Galvão. Funcionou
como memorial da feira até 2001 onde foi desativado. Em 2009, foi reaberto e
reinaugurado como o Museu Memorial da
Cidade, servindo de guardião da memória e história de Caruaru.
Lá no museu Memorial tem
várias informações sobre a história da cidade, como as fotos de todos os
prefeitos, a exposição de vários livros lançados sobre Caruaru e informações
sobre o Carnaval e a Festa do Comércio. Além de várias fotografias, muito provavelmente é
lá que você irá descobrir um pouco mais sobre essa cidade que eu descrevi, com
citações à “Rua da Frente”, “Baixinha do Gregorinho”, “Colégio das Freiras” e a
Caruaru na década de 20.
No centro de
Caruaru, seguindo por um dos lados da linha do trem, um Luiz Gonzaga bem grande
estará olhando pra você em forma de estátua. Não é à toa, o atual nome daquele
espaço é o Pátio de Eventos Luiz Gonzaga (onde fica um dos palcos do São João), que abriga no lado esquerdo o Museu do Forró Luiz Gonzaga. O Museu é
dividido em três salas: 1) Sala do Centenário Luiz Gonzaga; 2) Festejos Juninos de Caruaru; 3) Sala Elba
Ramalho. Mas esse museu em específico vale por dois, porque no 1º andar dele
funciona o Museu do Barro “Espaço Zé
Caboclo”.
Esse espaço é formado por cinco salas: 1) Mestre Vitalino; 2) Artesãos do Alto do
Moura; 3) O hall com a Pinacoteca Luisa Maciel (um dos principais nome da arte
e da pintura de Caruaru), com quadros que retratam a cultura popular; 4) Sala
de exposições temporárias e 5) Sala Cine Cultural, destinada a encontros e
reuniões.
Do
outro lado do pátio de eventos, o galpão onde funciona a Fundação de Cultura,
também abriga o Museu da Fábrica Caroá.
Não é por acaso esse museu existir, esses galpões e todo esse terreno do atual
Pátio de Eventos era antigamente a Fábrica Caroá (que funcionou entre o período
de 1935 à 1978). O museu se destina a contar a história dessa fábrica que foi
extremamente importante para a cidade. O acervo é composto por painéis que contam a trajetória da fábrica, da
vida do Cel. José de Vasconcellos, seu fundador, e informações sobre a retirada
da fibra do caroá até boa parte do maquinário e muitas fotografias.
Entrando no Alto
Moura, seguindo pela rua principal, lá na frente, do lado esquerdo, tem uma
casinha de taipa que foi construída em 1959. Foi lá que morou mestre Vitalino,
na época que tudo ali era mato. Hoje essa casinha é a “Casa Museu Mestre Vitalino”. A casa é administrada pelo filho do
mestre, Severino Vitalino que também é artesão e lá estão expostos fotos da
família, instrumentos musicais tocado pelo mestre Vitalino (Vitalino também tocava
pife), além de peças de barro feitas na hora pelo mestre Severino.
Nessa mesma rua do
Alto do Moura, virando à esquerda, vá até o final, tome uma cerveja no bar de
Juscelino e logo de frente estará o Museu
Memorial Mestre Galdino. O local abriga vários painéis informativos, peças
feitas por Galdino (que também era poeta) como Mané Pãozeiro e
Catrevage, além de textos como “Se Cria Assim”, um dos mais famosos do mestre
(foi até musicada pelo Sangue de Barro).
Se estivéssemos no
início da década de 60, eu diria pra dar uma passada na praça Juvêncio Mariz
pra visitar o Museu
de Arte Popular Mestre Vitalino.
Por iniciativa e articulação de João Condé (irmão de José Condé), foi
construído esse museu em homenagem aos mestres do Alto do Moura, com destaque
pra mestre Vitalino. Pra uma cidade que tem o barro como identidade cultural
forte, esse museu seria importantíssimo pra Caruaru. O fato é que o museu foi
demolido 4 anos depois de construído, pra dá lugar ao atual prédio da
prefeitura. Detalhe que nesse meio tempo, a praça - que abriga hoje a
prefeitura - não se chama mais Juvêncio Mariz (que foi o 1º prefeito de
Caruaru, lá pelo início do século 20), ela hoje se chama Teotônio Vilela.
Um outro espaço que
oficialmente não é um museu, mas é uma exposição permanente, é o Memorial
Nelson Barbalho, que fica localizado lá dentro do Polo Comercial. O memorial é
uma exposição toda focada em Nelson Barbalho, com displays em vidro exibindo os
livros publicados, fotografias, histórias, músicas e objetos pessoais. Vale a
pena ir lá e sentar numa sala onde fica passando um documentário sobre Nelson
Barbalho.
Museu não é feito
só pra turista, é um equipamento cultural pra cidade toda, que merece ser
ocupado e visitado frequentemente por seus habitantes. Visitar museus com
calma, não só transmite aquela paz pelo silêncio, mas causa também o sentimento
no visitante de sair maior do que entrou, por ter absorvido aquela quantidade
de conhecimento. Essa avalanche de informação não se digere na primeira visita,
e o retorno é necessário.
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