02/07/19

Atualidades - UM PASSO HISTÓRICO! Por Rivio Xavier Jr.*

Foto: Kevin Lamarque/Reuters
O presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, se encontraram neste domingo na Zona Desmilitarizada (DMZ), a faixa fronteiriça entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte. Em um breve encontro, ambos apertaram as mãos sobre a linha de demarcação, antes de passarem juntos ao território norte-coreano. Esses breves segundos fizeram de Trump o primeiro presidente dos EUA a pisar o solo desse país.

Após um novo aperto de mão no lado norte-coreano, Trump e Kim caminharam juntos e, sorridentes, e voltaram a cruzar a linha de demarcação para o Sul. Se há pouco mais de um ano, na primeira cúpula intercoreana com o presidente do Sul, Moon Jae-in, o líder do Norte estava visivelmente nervoso, nesta ocasião se mostrava muito mais à vontade, chegando a gargalhar com Trump.

Em breves declarações no território do Sul, e antes de entrar numa reunião privada com o líder do Norte, Trump afirmou que “estão acontecendo muitas coisas positivas” no processo de diálogo entre Washington e Pyongyang. Destacou também sua boa relação pessoal com Kim: “Nós nos demos muito bem desde o primeiro dia”, quando mantiveram sua primeira reunião de cúpula, em Singapura, em 12 de junho de 2018. O líder norte-coreano não fez declarações.

O encontro, em um ambiente enormemente simbólico, é o terceiro entre Trump e Kim em um ano, e poderia dar lugar a uma retomada das estancadas conversações sobre o programa nuclear norte-coreano. O presidente sul-coreano tinha confirmado oficialmente a reunião entre os dois líderes em uma entrevista coletiva com Trump em Seul, horas antes. “Os líderes dos Estados Unidos e Coreia do Norte trocarão um aperto de mãos pela paz em Panmunjom, o símbolo da divisão”, declarou Moon presidente da Coreia do Sul.

Panmunjom, apelidada de “aldeia da paz”, é o ponto na DMZ onde foi assinado o armistício que pôs fim à Guerra da Coreia (1950-53) e onde já ocorreram mais de 800 rodadas de diálogo entre representantes de diversos escalões dos dois países. É também o lugar onde, no ano passado, Moon e Kim se deram as mãos e saltaram juntos para o solo norte-coreano, numa imagem que deu a volta ao mundo, durante sua primeira cúpula intercoreana. Aquela reunião abriu o caminho para o processo de negociação entre Pyongyang e Washington.

Trump tinha proposto o encontro publicamente através de um tuíte no sábado, em Osaka (Japão), onde participava da cúpula do G20. Moon confirmou neste domingo que Kim aceitou a proposta. O aperto de mãos, afirmou, seria um “marco significativo” no processo de desnuclearização da península coreana.
Pouco antes, o presidente norte-americano, que se gaba da boa sintonia pessoal com o líder supremo norte-coreano, tinha declarado que estava nos preparativos finais para uma reunião com Kim “muito em breve”.

As conversações entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte sobre o programa nuclear de Pyongyang estão paralisadas devido ao fracasso da cúpula anterior entre Kim e Trump, em fevereiro deste ano, em Hanói, capital do Vietnã. Ficaram claras na ocasião as profundas divergências entre os dois países. Washington propunha um desarmamento completo da Coreia do Norte, em troca da suspensão parcial das sanções econômicas. O tempo passou e o acordo não surtou efeitos claros, hoje o mundo não tem mais medo da Coreia do Norte e seu “ditador maluco”. As tensões mundiais em relação a armamentos bélicos se voltaram para o Irã, parodiando o filme: O inimigo agora é outro!

*Rivio Xavier Jr. é professor historiador, analista de política internacional e assessor parlamentar.

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