Muito pode ser dito a respeito do algodão que demanda bastante estudo e dispõe de vasta literatura técnico-cientifica, inclusive sobre suas implicações sociológicas e econômicas. No entanto vamos nos limitar à oferecer uma rápida e suave leitura.
Como diz o dito popular comecemos pelo começo: Bem antes, bem antes mesmo em que o Brasil nem chamava-se Brasil, o algodão já era conhecido por seus filhos nativos e na “Colônia” cultivado inicialmente para vestir os escravos.
Ah! genitora planta com suas folhas, flores e frutos quando amadurecidos abrem-se para desabrochar uma massa esbranquiçada, macia e que envolve suas sementes oleosas. Em fios transformada e deles o tecido para a fabricação de infinitos bens a exemplo da rede de dormir, herança indígena.
Mas é a partir do século XVIII com a revolução industrial que originou-se na Inglaterra, que o setor têxtil é impulsionado por mudanças significativas decorrente de sua mecanização. A combinação dos processos da tecelagem com o da fiação pelas maquinas "Spinning Jenny", que seria completada com a invenção do Bastidor Hidráulico, (1769) e da chamada Mula Fiadora (Spinning Mule) inventada por Samuel Cropton, em 1789, possibilitam verdadeira revolução.
Atualmente é produzido por mais de 60 países, nos cinco continentes e contribui enormemente para a geração de emprego e renda pelo mundo afora. Possui centenas de aplicações industriais e sua fibra é a mais usada no mundo fashion, reconhecida por sua leveza, maciez e confortábilidade.
No Brasil sua produção a nível comercial iniciou-se na Região Nordeste, por volta de 1760, tendo no Maranhão seu principal produtor, sendo o nordeste a primeira fronteira algodoeira do país. No cerrado brasileiro a cotonicultura foi conduzida por investimentos na melhoria da qualidade da fibra (herbáceo) e sobretudo pelo uso intensivo de tecnologias modernas. Daí hoje a nova fronteira algodoeiro ser representada principalmente, por Mato Grosso, Goiás e parte concentrada no oeste da Bahia. A produção total no Mato Grosso agora em 2017 Grosso deve chegar próxima um milhão de toneladas (IMEA). No oeste baiano se espera uma safra cerca de 800 mil toneladas mais de 50% da safra de 2016.
Esteve o algodão sempre presente na vida econômica e social da gente nordestina, produzido em sua maioria por pequenos agricultores os quais têm histórica tradição. Muitas cidades do sertão nordestino esteve diretamente ligada a produção do algodão.
Segundo o historiador caruaruense Josué Euzébio Ferreira, instalou-se (1870) em Caruaru, a Boxwell & Cia empresa que se constituiu numa das mais importantes indústrias nordestinas do setor. Era responsável por comprar a produção do algodão da região Agreste de Pernambuco e adjacências.
Voltemos aos tempos da Great Western Company chamada de “Greitueste” levada pela qualidade da fibra do algodão (arbóreo) do nordeste e do lucro contribuiu com o desenvolvimento de várias cidades. Em 1895 inaugura-se a estação ferroviária interligando Caruaru à capital da Província de Pernambuco.
No início do século XX a cidade de Caruaru cresce vertiginosamente e homens empreendedores adquirem as primeiras fortunas com o algodão. D. Maria Nunes Ferreira em seus 87 anos falando esses dias de seu pai João Teotônio, lembrou quão grandioso era empreendedor. Como se diz hoje junto e misturado plantou também algodão – ela ainda não tinha me contado do algodão - feijão e o milho, criou, vendeu e comprou gado e até fabrico de calçados teve em suas terras. Acumulou um capital migrando para Caruaru onde torna-se importante empresário no ramo de transporte (Viação João Teotônio).
Segundo o Professor José Daniel historiador caruaruense o número de automóveis que existia em Caruaru e vizinhanças idos de 1920 era impressionante, retrato da imponência do ciclo algodoeiro, aliada as economias da agropecuária e do comércio.
Segundo o Banco do Nordeste estudos tem sugerido reinserir o semiárido do Nordeste como polo algodoeiro, o produto é uma das poucas commodities adequadas ao ecossistema regional, com possibilidade de ser explorada de forma econômica e ecologicamente sustentável.
Em fim “agir de forma sustentável é estudar, planejar e implementar ações pensando no hoje e no amanhã, abordando os aspectos econômicos, sociais e ambientais”.
Agildo Galdino - preside a Academia Caruaruense de Cultura, Ciências e Letras (ACACCIL). É professor e pesquisador. Tendo dezenas de crônicas e contos publicados em jornais e revistas muitos com cunho memorista.
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