21/10/18

Tomo partido. por Ricardo Gondim

Tomo partido. Sou a favor da liberdade democrática. Creio que entre diferentes formas de regime nenhuma consegue superar a democracia. Defendo o Estado de direito. Nunca apoiaria qualquer movimento que subverta, por golpe, o voto de cidadãs e cidadãos. Me coloco ao lado daqueles que defendem a causa do pobre, da minoria e do refugiado a partir da Constituição.
Tomo partido. Sou a favor da vida. Creio na dignidade de mulheres e de homens, independente da cor da pele, da origem étnica, do status social, da escolaridade. Minha fé me ensinou que todos carregam a Imagem de Deus e todos os processos antivida devem ser denunciados como pecado.
Tomo partido. Sou a favor do que é justo, verdadeiro, louvável. Creio que Deus odeia a balança enganosa; ele jamais concorda com o tribunal tendencioso, o juiz parcial e com leis orientadas a proteger os já privilegiados.
Tomo partido. Creio na justiça social como a melhor maneira de promover a paz. Revólver, pistola, fuzil e tanque blindado são impotentes para arrefecer o fogo brando da marginalização, que desemboca na violência. A má distribuição dos impostos joga meninos e meninas no colo do traficante. Um país que gasta muito de sua riqueza em benefícios para sustentar burocratas e não em creches, escolas e centros comunitários não tem recursos para desativar os gatilhos da morte.
Tomo partido. Creio no Estado laico. Rejeito a tutela de qualquer religião acima de uma Constituição civil. Assim como me recuso a aceitar que alguma instituição religiosa me constranja a aceitar seus preceitos, também abro mão de impor a minha sobre os demais. Defendo que grupos sociais minoritários, como índios e homossexuais, exijam que diferentes religiões mantenham suas proibições e exigências contidas no limite do rol de membros.
Tomo partido. Creio no poder da gentileza. Abraço a ternura como pedra fundamental da espiritualidade. Desafio a minha fé a se manter dócil. Prefiro citar o imperativo de Jesus de amar o inimigo e orar por aqueles que intentam mal contra nós do que apoiar quem sugere brutalidade. Tenho como modelo homens e mulheres cuja história vem marcada pela cordialidade: São Francisco de Assis, Ghandi, Martin Luther King, Nelson Mandela, Desmond Tutu, Malala Yousafzai.
Tomo partido porque creio: o longo arco da história tende para o bem. Compenso o desânimo com a afirmação bíblica de que “os mansos herdarão a terra”. Enfrento o olhar crispado de ódio com a promessa de que “os pacificadores serão chamados filhos de Deus”. Alimento o espírito com a promessa de que “serão fartos todos os que têm fome e sede de justiça”.
A pretensão de que Deus está do meu lado seria arrogância. Prefiro crer no esforço de me colocar na mesma sintonia que Ele. Farei de tudo para nunca ir na contramão do que acredito ser a vontade divina – mesmo que isso me indisponha com a maioria. Convicto de que um dia verei a Deus, tomo partido.
Soli Deo Gloria
Pr. Ricardo Gondim

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