A obra ‘Salomé com a cabeça de João Batista’, do pintor
italiano Caravaggio (Michelangelo Merisi, 1571–1610), é um conhecido
exemplo da pintura barroca. Características como o chiaroscuro e o feísmo estão
presentes na tela, transmitindo uma certa sensação de luta entre o bem e o mal,
por meio dos contrastes de cores.
Primo de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, João Batista
foi chamado pelo Cristo de “maior entre os nascidos de mulher”. Precursor do
Messias, o ministério do Batista foi no deserto, pregando a necessidade de
arrependimento (mudança de direção) a uma sociedade corrompida. Distante do
formalismo religioso, João Batista trajava-se de pele de camelo e alimentava-se
de gafanhotos (provavelmente uma espécie de vegetal com este nome) e mel
silvestre.
Comprometido com a urgência da mensagem divina – como é do
caráter dos profetas –, João Batista não sucumbiu ao “politicamente correto”
quando denunciou a imoralidade sexual de Herodes, que havia tomado a esposa de
seu irmão. Detalhes desta união reprovável estão presentes em escritos
históricos, sobretudo de Flávio Josefo, demonstrando que Herodes Antipas havia
abandonado Fasélia, filha de um rei árabe chamado Aretas, para casar com
Herodias; e ela, por sua vez, deixara o casamento com o meio-irmão de Antipas,
Filipe.
A narrativa da morte de João Batista está no capítulo 06 do
Evangelho de S. Marcos, mais precisamente entre os versículos 14 e 29. Durante um banquete oferecido por Herodias
aos magnatas da Galileia, o rei decide cumprir os caprichos de Salomé, filha de
Herodias. Esta pede a cabeça de João.
Recentemente, a fanpage ‘A Formação do Imaginário’ publicou
um post sobre o tema, chamando atenção ao “poder natural que as mulheres têm sob
a humanidade toda, desde sempre”. Este poder não se refere apenas à capacidade
de gerar vida, mas também à persuasão. O maior entre os nascidos de mulher foi
morto devido à ação de uma mulher de conduta duvidosa. “Pobre rei! (...)
Desprovido de sabedoria, caiu na sedução de uma mulher perversa. Pobres homens
em todos os tempos, que, desunidos a Cristo, trocam a vida da realidade pela
vida sensual, e se atrelam em dívidas, morte, separação”, complementa o post.
Para a Igreja Católica, o dia da memória do martírio de São
João Batista é 29 de agosto. A celebração tem origem nos séculos V (França) e
VI (Roma), vinculada à dedicação da Igreja de Sebaste, na Samaria, supostamente
construída sobre o túmulo do Precursor.
A espada de Herodias não pôde calar a voz do que clamava no
deserto. Nos dias de hoje, os ecos da mensagem de João Batista ainda gritam aos
ouvidos de uma sociedade corrompida, imoral, perversa e decadente. “Chegou a
hora e o Reino de Deus está perto. Arrependam-se dos seus pecados e creiam no evangelho”
(Mc 1:15, NTLH).
*Jénerson Alves - jornalista, professor, assessor parlamentar, poeta e escritor.
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