Que longa ausência vivi de minha cidade, Caruaru. O lugar onde sempre quis estar, meu torrão natal. Um afastamento por tantos anos trouxe inquietude a minha alma, de não ter visto a “Princesinha do Norte” crescer, de acompanhá-la de maneira intensa. Não que não tenha lhe dado atenção, e mesmo que assim fosse, forçado pelas vicissitudes da vida, não poderia jamais esquecê-la ou desprezá-la, pois Caruaru representa tudo que envolve a minha existência. Amo cada uma de suas ruas, cada esquina, canto, recantos e suas expressões culturais.
Não poderia suportar
essa ausência fatigante sem visitá-la sempre, a cada ano durante esse
afastamento da convivência física diária. Devo lembrar que “tudo tem o seu
tempo”. Quis Deus que este fosse meu tempo de aqui estar, para acompanhar Caruaru,
cada vez mais progredindo, e se destacando no
cenário cultural do país e, por que não dizer, internacional.
Então, hoje, uma das
maiores cidades pernambucanas, presto simples e emocionado preito de gratidão.
E por que não neste momento recordar a tão meiga poesia e uma das primeiras
canções – um baião – em sua homenagem: Foi
num belo dia de verão; Que eu perdi meu coração; Foi numa cidade do sertão; Que
guardo na recordação; Caruaru, Caruaru; A princesinha do norte és tu.
Talvez por força da rima e da métrica, tenha Belmiro Barrela, o autor, se
referido ao Sertão e Norte em sua composição.
Ainda neste contexto,
quero recordar dois ilustríssimos cidadãos, que a Caruaru serviram com
criatividade, amor e paixão. O “grande brasileiro de Caruaru”, Elysio Condé, um
homem de caráter e condutas irrepreensíveis, demonstrado em todas as
circunstâncias de sua existência” que enquanto viveu foi sempre um filho da
terrinha, a promover e enaltecer a cultura e a imagem de nossa querida e amada
Caruaru, e entre suas paixões, Caruaru, a família e o Jornal de Letras por ele
criado no Rio de Janeiro, um dos mais resistentes veículos de comunicação do
país, exclusivamente de caráter literário, com edições publicadas de 1949 a 1993.
O outro ilustre
cidadão, João Teotônio da Silva, um dos primeiros empresários do segmento de
transporte coletivo de Caruaru, fundador da Viação João Teotônio, empresa de
importância singular que fez de modo pioneiro a ligação entre o agreste pernambucano
e São Paulo. Homem de genuína fibra nordestina, de notável inteligência, empreendedor
e que cultuou sempre a ética em suas atitudes, e muito contribuiu para o
desenvolvimento econômico e social de nossa Caruaru, a qual para ele era uma de
suas três paixões, tal como a família e o trabalho.
Agildo Galdino - preside a Academia Caruaruense de Cultura, Ciências e Letras (ACACCIL). É professor, escritor e pesquisador. Tendo dezenas de crônicas e contos publicados em jornais e revistas muitos com cunho memorista.
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