15/01/18

Partidários ou Não: Ocupem a Estação! Por Léo Bulhões


Tem gente em Caruaru que subestima a inteligência dos outros.
É de se espantar o absurdo de ver gente que trabalha na prefeitura, mais especificamente na Fundação de Cultura, ou seja cargo comissionado/contratado, querendo diminuir as pessoas que escolhem participar da vida política da cidade de forma organizada, em partidos.
Na última sexta-feira, 12 de janeiro, estava eu ouvindo a entrevista na Rádio Cultura do Nordeste 1130 AM e uma frase me chamou atenção, na verdade foi mais do que chamar atenção, foi uma frase surpreendente, onde um representante do governo municipal, este intimamente envolvido em política partidária, quis "alertar" o fazedor cultural Anderson do Pífe dizendo o seguinte: "[...]a gente deve se precaver quando se tem algumas movimentações político-partidárias querendo pegar carona no movimento cultural[...]", palavras do Colibri, que ia ser candidato a vereador, apoiou a querida Edileuza e "estava fechado com Raquel" nas eleições em 2016. Pra quem faz política partidária até a medula, alertar outros da presença de pessoas vinculadas a partidos é uma contradição tremenda, hipocrisia talvez, se fosse o partido de sua prefeita, poderia? Provavelmente sim.
Dito isso, é importante registrar, as únicas falas que expressaram representação político partidária foram a dos camaradas do PCdoB, com muita propriedade e que têm minha total solidariedade e torcida para que continuem fortalecendo a pauta.
Apesar de eu estar filiado no PT, não representei naquela noite o PT Caruaru, até porque não faço parte de sua direção, ela nem mesmo me representa em Caruaru, pra vcs terem uma ideia, o presidente do PT Caruaru mora em Olinda, pasmem!
Mas poderiam se questionar: "Mas o que tu estava fazendo ali, Leo?". Aos desavisados, cabe aqui uma gentileza para que se tranquilizem sobre a minha presença no ato, que seria justa apenas pela causa importantíssima que deve ter o apoio de todo mundo, com filiação partidária ou não, é uma luta em defesa da cultura e da identidade de um povo.
Mas minha relação com a cultura vem de longos 18 anos quando produzi pelo DCE UFPE uma de suas maiores calouradas, quando levamos o Cordel do Fogo Encantado na sua última apresentação em Pernambuco antes de se mudarem para São Paulo, onde se lançaram para o Brasil. Naquele show, com mais de 5 mil pessoas, arrecadamos quase 6 toneladas de alimentos não perecíveis e doamos a casas de caridade, numa calourada que tinha como tema a "Reabertura do Restaurante Universitário".
Já na União Nacional dos Estudantes - UNE, me tornei Coordenador Geral da 3a Bienal de Ciência, Arte e Cultura da UNE - Fevereiro de 2003, Bienal que reuniu mais de 12 mil estudantes universitários de todo o país, com a presença de Gilberto Gil, Alceu Valença, Paulo Miklos, a própria Cordel do Fogo Encantado, entre outros. Foi na bienal que criamos também o Centro Universitário de Cultura e Arte da UNE em Pernambuco, o CUCA da UNE que funcionou por anos na UFPE, coordenado pelo competentíssimo Diego Santos, hoje representante da SeCult/Fundarpe.
Anos depois o destino me levou à Secretaria de Cultura do Governo de Pernambuco, onde acompanhei as ações de formação cultural e fui facilitador de TODAS as linguagens culturais na construção do Plano Estadual de Cultura de Pernambuco.
Já em Caruaru, tive o prazer de acompanhar a construção do Conselho Municipal de Políticas Culturais desta cidade, enquanto Secretário de Participação e estudioso das políticas de participação e controle social, fui convidado para palestrar, ao Conselho em formação, sobre sua importância, e na casa da Participação, eu e nossa equipe, reunimos diversas vezes para ajudar a formular a proposta de regimento do CMPC de Caruaru.
É importante que as pessoas usem argumentos menos pobres, menos discriminatórios e no caso em tela, menos contraditórios.
Que gestores públicos tratem manifestações democráticas com a devida seriedade, tratem os os cargos que ocupam com a responsabilidade de quem deve atender bem o povo, e não tentar diminuir quem quer que seja. Isso é medíocre, é a velha política que não admite pensamentos diferentes, não se dá ao diálogo, são pouco democráticos e tremem numa arena pública.
Eu sou um cara esperançoso, não por esperar, mas por esperançar que essas pessoas mudem suas posturas e sejam mais positivas, colaborativas e democráticas.
Dia 17 de fevereiro estarei lá novamente, espero ver gente de partidos dos mais diversos abraçando a causa. Inclusive o partidário Colibri, tenho certeza que será muito bem vindo entre os demais que lutam por uma cultura que agoniza no município.
Eu defendo a cultura popular, apoio o movimento Ocupe Estação e entendo que ocupar os espaços públicos com cultura é excelente pra cidade, pra identidade do povo caruaruense e ainda inibe a violência naquele local.

Sigamos

Leo Bulhões - É ex-Secretário de Participação Social de Caruaru e Assessor Parlamentar do Vereador Daniel Finizola - PT.

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