07/03/18

Opinião - O que te impede de se candidatar?


Por José Frederico Lyra Neto
Fonte Acredito
Imagine que um professor, uma empreendedora, um gestor, uma engenheira, um médico, uma advogada, um ativista ou alguém com atuação na sociedade, ache que pode servir como representante. Naquele momento. Diante daqueles desafios. A pessoa então se coloca à disposição em uma eleição. Se eleito(a), exerce mandado(s). Em seguida, retorna à sociedade.
Este cenário não enxerga a política (eleitoral) como profissão. Nele, teríamos potencialmente muito mais talentos como representantes na nossa democracia. Potencialmente. Steve Jarding, meu professor no mestrado, citava uma pesquisa com 5 principais razões que impediam as pessoas de se candidatarem:
  1. Não ter dinheiro. Em um jogo de campanhas milionárias, você precisará levantar recursos. Ou ser rico para bancar sua campanha (o que, em um eufemismo, não é o ideal)
  2. Não conhecer os problemas e questões. Economia, saúde pública, segurança, relações internacionais… a lista de temas pode ser vasta.
  3. Não falar bem em público: eu não sei vocês, mas mesmo depois de eu ter falado em dezenas de oportunidades, para grupos com mais de mil pessoas, não tem uma vez que não me dá frio na barriga.
  4. Ter esqueletos no armário. A pessoa pode ter feito algo errado e, se descobrirem…
  5. Não saber construir uma campanha profissional. Se política é um campo novo pra você, estruturar um projeto com chances de vitória pode ser desafiador.
Se você se encaixa em uma ou nas cinco razões, não desista ainda. Aqui vão algumas palavras de esperança — parte vindas desse professor, e parte do meu humilde idealismo.
Recursos são importantes pras campanhas — não vou tentar te convencer do contrário. Jarding, porém, fazia uma provocação: você sabe que é possível levantar o dinheiro porque outras pessoas conseguem. Claro que as que conseguem legalmente estão em menor número. Ainda sim, parte do desafio é apresentar a ideia a várias pessoas e convencê-las a apostar nesse sonho.
Conhecer os problemas e questões é importante. Então, vamos estudar! Temos as informações em tempo real. Dito isso, não precisamos cair da ditadura dos experts. Ouvir, na política, pode ser ainda mais importante que falar.
Falar em público é uma habilidade como várias outras, que melhora com a prática. Já ouvi uma frase, atribuída à Fernanda Montenegro, de que é preciso ensaiar muito para parecer natural. Preparação vale também para o ponto 5.
Sobre o ponto 4, vai depender do que a pessoa fez. Em todo caso, todos já erramos. Me parece mais relevante como e com qual honestidade lidamos com o erro.
Renovar a política não será fácil. Muitos, aliás, acham isso ingenuidade. Vamos então, ingenuamente, começar a caminhada. Enfrentando nossos medos.

Esse texto reflete uma opinião pessoal e não a opinião oficial do movimento sobre o assunto. Somos um movimento plural, capaz de acolher diversas de visões.
José Frederico é goiano, formado em engenharia pela Unicamp e mestre em políticas públicas por Harvard. É fã de Leandro & Leonardo e acompanha de perto a nova geração do sertanejo. Sonha em ser político, como parte de uma geração que consiga contribuir para um país com igualdade de oportunidades.

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