29/04/18

A FACE DO MAL por REGINA CASTRO


Noite chuvosa, andei o quanto pude, mas ficou impossível de continuar, parei debaixo de uma árvore, a rua deserta e um casarão bem na minha frente, o lugar enchendo de água e comecei a não ter outra opção a não ser esperar que passasse... Aquele casarão me deu calafrios, não sei se por causa da chuva ou pelo medo comecei a tremer, as janelas daquela casa eram assustadoras, parecia que surgiria a qualquer momento aqueles monstros de filmes de terror, fiquei vagando os olhos pelas janelas uma a uma quando de repente meu olhar parou na última, lá no topo da casa...

Aquela presença, uma sombra parada que parecia fitar-me, arrepiei ao toque daquele olhar, senti como se garras estivessem arranhando minha pele, rasgando, a dor era algo suportável e não conseguia tirar os olhos dele... Ele estava ao longe, mas ao mesmo tempo parecia estar ao meu lado, sentia seu hálito quente e fétido, a presença do mal que ele representava era palpável, senti-me perdida, angustiada.

Percebi que aos poucos ele mudava de posição e de repente senti uma leve pressão em minha cabeça, meu equilíbrio comprometido, aquele sorriso que já me levava ao início da loucura, a pressão no pescoço, ardência e algo escorreu entre meus seios... Pisquei os olhos e vi-me dentro da casa, olhando-me agora no reflexo da janela embaçada, os pingos grossos desciam feito cascata pelo vidro e minha vida se esvaindo igual à chuva que descia pela calçada.



Regina Castro

Nenhum comentário: