16/05/18

ESPECIAL Caruaru 161 anos - Por Prof. Urbano Silva - 1ª parte (Os primeiros Cinquenta anos)

Imagem da Igreja da Conceição, fim do Século XIX, ainda com apenas uma torre
O Brasil era uma colônia de Portugal, e Pernambuco uma capitania, quando em 1681, o governador Aires de Souza de Castro doou à família Rodrigues de Sá uma sesmaria com trinta léguas de extensão, com o intuito de desenvolver a agricultura e a criação de gado na região, as terras na época constituíam a Fazenda Caruru. Distante quase 22 léguas do litoral, os proprietários não tiveram qualquer interesse de se estabelecer na terra ora recebida, quer pela distância, quer pelo esmo do local. Um século se passou, até que o jovem José Rodrigues de Jesus resolveu ocupar a área, que era sua por herança familiar.

CATEDRAL SÉC. XIX,COM ARQUITETURA SIMILAR A CONCEIÇÃO. JARDIM SIQUEIRA CAMPOS LADO ESQUERDO DA FOTO
Era 1776. Após cinco anos residindo na “ribeira do Ipojuca”, ele faz um pedido ao bispado em Olinda, para construir uma capela em homenagem a nossa senhora da Conceição. E justifica: a sua genitora, senhora Antonia Tereza, era devota da divindade. Tanto que batizou a própria filha caçula com o nome da santa. O bispo autorizou, mediante uma exigência: que o donatário custeasse a construção e também as despesas mensais para a celebração de missa, com vigário oriundo do seminário vindo da capital. 


Em 1781 eis a construção da referida capela. Momento festivo na fazenda Caruru, quando foi celebrada a primeira missa. Com a frente para o oeste, todas as tardes o sol banhava a calçada e fachada da simplória capela. Com um cruzeiro na frente, tornou-se ponto de referência para os almocreves, homens que faziam o percurso com tropas de burros que vinham de Rio Branco (atual cidade de Arcoverde) trazendo mercadorias do sertão (couro, rapaduras, farinha, gibões, alpercatas, arreios para cavalos etc) e tinham como destino revender no litoral. Com 12 horas de viagens, o ponto de apoio passa a ser em frente à capela citada. Os almocreves que vinham do Recife, faziam o mesmo percurso, em um tempo um pouco maior, por conta da geografia íngreme na Serra das Russas. Do litoral traziam produtos do reino: queijos, pimenta, azeite, tecidos, aviamentos, máquinas de costura etc, com destino ao mercado do interior. E por que viajar mais, se na fazenda poderiam comercializar os seus produtos? Pronto, nasce aí a vocação comercial de Caruaru.

PALÁCIO EPISCOPAL DESDE 1949. ANTES PREFEITURA DESDE 1898. EM 1922 HENRIQUE PINTO CONSTRÓI O PAVIMENTO SUPERIOR
Comércio se fortalecendo, começam a se fixar em residências os primeiros forasteiros. Logo na paisagem, surge uma vila...que a passos largos foi elevada à categoria de cidade, por lei de autoria de Francisco de Paula Batista, Deputado Provincial. Era 18 de maio de 1857. 

Lambretistas de Caruaru
Mas éramos uma Monarquia, não houve eleições. Só em 1893, em 1o de março, conquistamos autonomia política. O Brasil agora está como uma República. Caruaru elege o seu primeiro Prefeito: João Salvador dos Santos, e o vice João Ferreira, dois militares graduados como Major. Em 2018, 52 chefes do Poder Executivo, pessoas que tiveram a honra de conduzir os destinos políticos da Capital do Agreste. 

PRIMEIRA ESTAÇÃO EM 1895
CHEGOU O SÉCULO XX Antes, porém, era 1895.

A terra estremeceu, seria um novo “estrondo” em Caruaru?

Um sinal de fumaça no ar, um apito desconhecido....e o sol reluzente mostra as cores da Maria Fumaça! É o trem que chegou em Caruaru, pela primeira vez.
Com ele, a viagem ao Recife encurtou o tempo, apenas 7 horas de percurso separavam Caruaru do Recife, por entre túneis, serras, fazendas, pontes e a beleza da paisagem agrestina.

Continua...

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