12/02/19

"É aquilo que nunca deixou de ser" inicia temporada em Caruaru


Gerado durante a participação da Fabio Pascoal na oficina de iniciação ao Teatro de Objetos, ministrada pela atriz Agnéz Limbos/BÉLGICA, dentro da programação do FITO - Festival Internacional de Teatro de Objetos, realizado no ano de 2013, em Recife, momento no qual aconteceu seu primeiro contato com esse gênero do teatro de formas animadas, e com a caixeira baiana Marie Assumpção, o espetáculo É AQUILO QUE NUNCA DEIXOU DE SER resulta do projeto COMO UM GAUDI NORDESTINO, incentiva do pelo Funcultura. 

Essa experiência foi transformadora e fundamental para desperta-lhe o interesse em atuar, talvez movido pelos reflexos de memória e pela liberdade imaginativa que essa técnica lhe suscitava.

Em 2015, ainda sob o efeito da experiência vivenciada na oficina do FITO, foi trazido o tema “O Teatro de Formas Animadas e a construção do imaginário” para a 25a edição do FETEAG - Festival de Teatro do Agreste. Essa proposição buscava ampliar a formação e possibilitar que os artistas locais mergulhassem em outros gêneros do teatro de formas animadas, transcendendo o tradicional mamulengo e indo ao encontro de novas possibilidades de criação. Durante o processo curatorial houve o contato com diversos grupos e espetáculos e entre os selecionados esteve o espetáculo Semente, uma criação coletiva coordenada por Marie Assumpção, que buscou nos remeter a uma experiência sensorial e transformadora, levando o “publico” presente a um deslocamento, doloroso talvez, da condição de passivo, “embrutecido” a “emancipado”, como nos propõe Ranciére. Além do espetaculo, o FETEAG foi contemplado com uma oficina de Teatro Lambe-Lambe, ministrada pela própria Marie Assumpção, e realizada com a participação dos alunos da Escola Municipal Mestre Vitalino, no Alto do Moura, o que se revelou uma outra experiência marcante para todos os envolvidos, professores, alunos, familiares e equipe de produção.

Foi durante essas experiencias que o projeto COMO UM GAUDI NORDESTINO foi sendo gestado, para se apresentar não apenas como uma montagem de espetaculo, que por si só acreditamos que já seja uma importante iniciativa, mas principalmente promover o encontro entre os criadores e estreitar os laços afetivos e profissionais entre todos os envolvidos. 

O ESPETÁCULO

Livremente inspirado na obra do poeta, ceramista e violeiro, Mestre Galdino, o espetáculo É AQUILO QUE NUNCA DEIXOU DE SER busca a composição de um território de resistência, existência e reinvenção de si, através de metáforas construídas a partir do universo imaginário do artista. Galdino acreditava que a imitação da realidade não era considerada arte, mas através da arte e da expressão do universo imaginário se podia encontrar o ponto de transformação pessoal e estabelecer uma rede com seu meio social. O espetáculo busca a construção de um universo lúdico onde bonecos e objetos uma série de observações, transformação e reconfigurações do ser. ganham vida à medida que o ator narra seus conflitos enquanto ser repleto de subjetividades e ser social que se transforma e transforma. “A participação é tão total que mergulhar a mão na matéria certa é mergulhar nela todo o ser”. A encenação parte da frase de Bachelard, para construir uma narrativa que traz a tona os conflitos do ser humano enquanto ser político, social, subjetivo, através da metáfora da construção da obra de arte em cerâmica, onde a escolha da matéria, no caso o barro, desenrola uma série de observações, transformação e reconfigurações do ser. 


A TEMPORADA

A partir das experiências realizadas anteriormente, como a circulação pelos Pontos de Cultura de Caruaru, Boi Tira Teima, Alto do Moura e MST, do experimento cênico CARTA AO PAI, fruto da residência artística realizada no TEA pela Profa Dra Marianne Tezza Consentino, e da circulação por alguns Pontos de Cultura de Pernambuco do espetaculo O REA LEAR NO MEU QUINTAL, com direção de Marianne Consentino, e ao mesmo tempo em consonância com o projeto Teatro na Comunidade, desenvolvido pelo TEA - Teatro Experimental de Arte, optamos por iniciar a temporada do espetaculo É AQUILO QUE NUNCA DEIXOU DE SER com uma circulação itinerante por comunidades da zona rural de Caruaru, buscando promover encontros entre os moradores locais e os artistas circulantes para trocas de experiências através de debates promovidos após cada apresentação. A finalização desta circulação está prevista para acontecer no Teatro Rui Limeira Rosal/SESC Caruaru, momento que programamos realizar o caminho inverso, agora trazendo moradores das comunidades visitadas para acompanhar essa ultima apresentação. Acreditamos que esta é uma ação importantíssima de valorização das comunidades, de inclusão cultural e formação de publico e plateia, despertando e disseminando o desejo de apropriação de capital cultural, fundamental para mantermos a atividade teatral viva e fortalecida.

O projeto Teatro na Comunidade foi criado em 1982, pelo TEA - Teatro Experimental de Arte e objetiva ampliar as ações de sensibilização para o teatro, transpondo os limites físicos de sua sede, o Teatro Licio Neves, transbordando-as para as comunidades em forma de apresentações artísticas, debates e palestras, alcançando importantes resultados, despertando nos jovens e adultos o interesse pelas artes e principalmente pelo teatro, se transformando numa importante ferramenta para a discussão de cidadania e de direitos humanos. 

A PROGRAMAÇÃO (19h)

• 14/02/19 - Ceagepe - Ocupação Urbana - Caruaru
• 15/02/19 - Pau Santo - Zona Rural de Caruaru
• 16/02/19 - Riacho Doce - Zona Rural de Caruaru 
• 17/02/19 - Taquara - Zona Rural de Caruaru
• 21/02/19 - Malhada de Pedra - Zona Rural de Caruaru
• 22/02/19 - Murici - Zona Rural de Caruaru
• 23/02/19 - Clube da Associação dos Moradores do Alto do Moura - Caruaru 
• 24/02/19 - Teatro Rui Limeira Rosal - SESC Caruaru

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