Criado para valorizar e incentivar o teatro pernambucano, o Prêmio Roberto de França (Pernalonga) de Teatro divulgou os selecionados de sua segunda edição. O resultado da premiação oferecida pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundarpe, foi tornado público na sexta-feira (13) e contempla as categorias Teatro Adulto, Espetáculo Solo e Iniciativa Coletiva. O total de incentivos, incluindo os valores destinados aos finalistas, divulgados em novembro, é de R$ 90 mil. Os vencedores irão compor a programação da II Mostra Pernalonga de Teatro, marcada para 2020, com atividades abertas ao público. Os finalistas também serão convidados a participar do evento.
Na categoria Teatro Adulto, o vencedor foi a montagem “Dinamarca” (Grupo Teatral Magiluth), que levará R$ 18 mil. É o mesmo incentivo previsto para os projetos “Descobrindo o Teatro do Oprimido” (Núcleo de Experimentações em Teatro do Oprimido) e a “Escola de Teatro Fiandeiros” (Companhia Fiandeiros de Teatro), que ganharam a categoria Inciativa Coletiva. O Espetáculo Solo “O Açougueiro” (Alexandre Guimarães) e a Inciativa Individual “Memórias da Cena Pernambucana”, do pesquisador Leidson Ferraz, receberão R$ 9 mil cada.
Assim como os selecionados, os finalistas também recebem premiação em dinheiro no valor de R$ 4,5 mil. Confira a lista completa no final do texto.
A comissão de seleção do Prêmio Pernalonga de Teatro foi presidida pelo Assessor de Teatro e Ópera da Secult/PE, o ator e diretor José Neto Barbosa. Também integraram a comissão renomados profissionais da área: o ator, dramaturgo e diretor Pedro Granato, que é gestor da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e fundador do Núcleo Pequeno Ato, e o jornalista, artista e tradutor Celso Curi, um dos mais requisitados curadores do mundo, diretor da Guia OFF de Teatro e líder do Movimento Artigo 5º.
“Um grande diferencial para o valor desse prêmio, que se estabelece como um dos mais simbólico do estado, são os critérios de seleção. Instaura-se uma nova relação nas premiações de artes cênicas de Pernambuco. Além da obra, os critérios abrangem questões que dialogam não só com a história do homenageado, como também com o teatro como resistência, militância e sua relação com a comunidade”, explicou o secretário de Cultura do Estado, Gilberto Freyre Neto.
O presidente da Fundarpe, Marcelo Canuto, chamou a atenção para o ponto de vista de quem faz arte. “O teatro é uma potente ferramenta para a conscientização em prol da modificação social. Os profissionais de artes cênicas merecem esse reconhecimento e valorização em tempos que muitos pregam para a população o descrédito aos artistas desse país”.
“É significativo que o prêmio homenageie Pernalonga. Negro, transformista, olindense, periférico, multiartista, integrante do grupo vivencial, militante das causas TLGBQ e da conscientização acerca do HIV. Através dessa ação, não só valorizamos os artistas, como somamos na luta dos direitos humanos”, destacou José Neto Barbosa.
CONFIRA OS VENCDORES
Categoria Espetáculo Adulto:
Dinamarca (Grupo Teatral Magiluth)
O nono espetáculo do Magiluth parte de uma construção coletiva do texto Hamlet, de Shakespeare. O texto é tratado sob perspectivas singulares da conjuntura sociopolítica do Brasil atual. Além da direção de Pedro Wagner e da dramaturgia de Giordano Castro, ambos integrantes do Grupo Magiluth, o espetáculo contou com a consultoria de Nadja Naira e Giovana Soar, da Companhia Brasileira de Teatro (Curitiba). Em cena estão Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres e Mário Sérgio Cabral. O desenho de som é de autoria e execução de Miguel Mendes e Tomás Brandão, que compõem o duo Pachka.
Categoria Iniciativa Coletiva
Descobrindo o Teatro do Oprimido (Núcleo de Experimentações em Teatro do Oprimido)
Desde 2014 o projeto realiza cursos de iniciação em Teatro do Oprimido para o público em geral, oferecendo uma formação de 30 horas-aula. Já circulou em 17 cidades entre Brasil e Estados Unidos, formando mais de 400 pessoas. A legado de Augusto Boal, praticado em mais de setenta países, é o principal motor de intervenção artística do NEXTO. Andréa Veruska e Wagner Montenegro compartilham os seus conhecimentos e modo de produção teatral com outros artistas, arte/educadores, atores e não atores.
Escola de Teatro Fiandeiros (Companhia Fiandeiros de Teatro)
Com destaque para a pesquisa e os trabalhos da companhia com o teatro para infância, completa dezesseis anos de atividades ininterruptas na cidade do Recife. A sede da Cia, onde funcionam as ações formativas, conta com biblioteca aberta com mais de mil títulos teatrais. A Escola, que já contou com mais de 50 professores em nove anos, montou 57 espetáculos pedagógicos com crianças, adolescentes e adultos. Daniela Travassos, André Filho, Manuel Carlos, Jefferson Larbos, Kéllia Phayza e Charly Jadson operacionalizam a iniciativa.
Categoria Espetáculo Solo
O Açougueiro (Alexandre Guimarães)
Em quatro anos de existência, o monólogo já foi assistido por mais de 5 mil espectadores, sendo apresentado em 23 cidades de nove estados brasileiros e tendo participado de quase 20 festivais nacionais. Protagonizado e produzido por Alexandre Guimarães, com preparação vocal de Nazaré Sodré e preparação corporal de Agrinez Melo, o espetáculo parte de uma etnografia cênica galgada nas manifestações culturais sertanejas do Nordeste brasileiro. Conta com texto e direção de Samuel Santos.
Categoria Iniciativa Individual
Projeto Memórias da Cena Pernambucana (Leidson Ferraz)
O projeto começou em 1998, no Recife, e contou com 40 debates públicos que alcançou 41 grupos, cooperativas, coletivos, produtoras, trupes e companhias do teatro pernambucano, totalizando a participação de mais de 1.200 artistas e técnicos. Leidson Ferraz lançou quatro livros da coleção “Memórias da Cena Pernambucana” e, a partir daí, participou de inúmeros debates, palestras e seminários, com lançamento dos livros por 14 cidades pernambucanas e com desdobramento na cidade do Rio de Janeiro.
CONFIRA OS INDICADOS
Categoria Espetáculo Adulto:
Alguém Pra Fugir Comigo (Resta 1 Coletivo de Teatro)
Estreado em 2016, a obra e o coletivo surgem no Curso de Interpretação para Teatro do Sesc Santo Amaro. O espetáculo coloca no palco assuntos que estão na ordem do dia, textos políticos, líricos, filosóficos, relatos de fatos verídicos e imaginários, ocorridos recentemente ou há décadas, no Brasil de hoje e na Europa do Séc. XIX. Evidencia a crise ética, social e humana que está presente desde sempre na história. Com direção de Quiercles Santana e Analice Croccia, a obra conta com os jovens artistas Kleber Santana, Elias Gomes, Ane, Lima, Clau Barros, Luís Bringel, Pedro Caíque, Pollyanna Cabral e Wilamys Rosendo.
O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas (Jorge de Paula e demais artistas)
A Emparedada da Rua Nova, um romance histórico de mais de 500 páginas, principal obra do escritor pernambucano Carneiro Vilela, é o mote do espetáculo que está prestes a completar 10 anos de trajetória. Surge como homenagem ao Ph.D. em Teatro, Marco Camarotti, e a sua pesquisa sobre o circo-teatro pernambucano. Com direção de Jorge de Paula, obra conta com Andréa Veruska, Andréa Rosa, Dado Sodi, Iara Campos, Juliana Monteiro, Tatto Medinni, Marcelo Oliveira, Marcondes Lima e Sávio Uchôa. O espetáculo já foi visto por mais de 40 mil espectadores.
pa(IDEIA) – pedagogia da libertação (Coletivo Grão Comum)
A prisão e interrogatório do professor Paulo Freire, em 1964, o Brasil de hoje e as contradições da educação são os temas centrais da obra. Com direção e atuação de Junior Aguiar, o espetáculo também conta com o ator Daniel Barros. O coletivo tem onze anos de trajetória. É o segundo espetáculo da Trilogia Vermelha, estreado em 2016. A trilogia do Coletivo Grão Comum também conta uma peça sobre o cineasta baiano Glauber Rocha, e outra sobre o bispo cearense Dom Helder Câmara.
Categoria Iniciativa Coletiva
Traquejo (Companhia de Dança e Teatro Traquejo)
A companhia, com sede na cidade de Exu/PE, foi criada em 2010, e vem realizando trabalhos de dança e teatro, além de iniciação a música no sertão pernambucano. Realiza o Festival ATO que, em cada edição, atinge 600 pessoas espectadores e participação de 150 alunos da rede pública e privada da região. Conta com mais de 16 espetáculos, entre dança e teatro. Com direção de João Lucas, é formada pelos jovens artistas Ana Cristina, Joseane Nogueira, Cosmo Martins, Genario Lopes, Myrlley Mayara, Nayara Xavier, Andre Oliveira, Milton Neto, Kerelle Leão, Danilton Soares, Grazyelly Gomes e Emerson Rodrigues.
Fonte: Portal da Cultura/Secult/PE.
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