Cordelista Ivaldo Batista já escreveu e publicou mais de 500 cordéis - Reprodução: Ivaldo Batista.
por Ingrid Gonçalves e Sheyla Oliveira
O cordelista Ivaldo Batista tem 60 anos e é professor aposentado da rede estadual de ensino. Escritor e poeta popular, natural de Carpina, e cidadão caruaruense, escreveu e publicou seis livros pela Editora Bagaço e já fez mais de 500 títulos em cordéis pela Editora Coqueiro com temáticas diversas. O cordel pode ser uma grande arma contra a desinformação. De acordo com Batista, muitas pessoas que não tiveram acesso à educação compram os cordéis. Para muita gente que não suporta a ideia de ler uma matéria longa sobre a situação política do país, o cordel de política funciona como uma ponte para a informação. Na entrevista às repórteres Ingrid Gonçalves e Sheyla Oliveira, o cordelista conta um pouco quais são os desafios do cordel político nos dias atuais.
Como surgiram os cordéis na sua vida?
Em toda minha vida, gostei de brincar com versos e rimas. Quando decidi escrever livros retratando a cultura regional, usava estrofes como ilustração. Apesar de fazer versos, nunca havia produzido o folheto completo e nunca havia imprimido. A decisão de escrever e imprimir foi fortalecida depois que conheci o velho poeta Olegário no Museu da Feira em Caruaru.
Quais os temas você costuma abordar em seus cordéis?
Eu procuro abordar todos os temas possíveis e imagináveis, histórias infantis, humor, cordéis de times de futebol, biografias de artistas e escritores, histórias de cidades, histórias de políticos e temas sociais, ambientais e crítica política.
Você costuma fazer cordéis sobre política apenas em período de eleições?
Não. No período de eleição, aparecem muitos querendo encomendar folhetos sobre políticos, mas todos os dias eu escrevo sobre política para fazer o cidadão atuar como agente transformador.
Cordéis sobre diversos políticos escritos por Ivaldo Batista- Reprodução: Ivaldo Batista.
Quais títulos de cordéis de política foram feitos por você?
Sobre história de políticos, já fiz do senador Rogério Carvalho (PT) e do deputado estadual Marcos Pinheiro (PL), ambos de Sergipe. Também do deputado federal Arlindo Siqueira (PL), de Pernambuco. Em Caruaru, contei as histórias do vereador Jorge Quintino (PTB), do prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB) e do ex-vereador Lambreta (PSDB). Também já escrevi sobre o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), da presidente Dilma (PT) e do presidente Lula (PT).
Você escreve também sobre atuais governantes? Se sim, costuma fazer críticas? Costumo fazer cordéis sobre os atuais governantes. Em geral, são apenas cordéis históricos, nos quais relato a vida e as ações do político. Todos que fiz foram sob encomenda.
Você considera o cordel como uma boa fonte para levar conhecimento político para as pessoas?
Com certeza. O folheto tem ajudado na alfabetização de pessoas que nunca frequentaram a escola formal. Dado a sua proximidade com a população e por sua linguagem fácil, serve de veículo para conscientização ou alienação do povo.
Como surgem as ideias para criar cordéis sobre política?
Às vezes, uma simples notícia num veículo de comunicação gera uma resposta bem humorada, uma mensagem em versos cheios de ironia. Em fração de segundos, o público na internet está participando, refletindo e interagindo com a mensagem passada, que muitas vezes era desconhecida, e acabam concordando com ela ou não. De certo modo, eles ficam alertados pelos versos expostos.
Cordel: Eduardo Campos - Admirado pelo Brasil de autoria de Ivaldo Batista- Reprodução: Ivaldo Batista.
Os títulos que tratam de políticas têm boas vendas? Qual o cordel sobre política teve maior venda até hoje?
A venda de cordel é sempre uma questão de momento. Na morte de Eduardo Campos, muitos compraram pela comoção. O cordel de Lula foi esgotado nas cidades sertanejas. Outros temas políticos foram vendidos previamente.
Quais foram os candidatos escolhidos para seus cordéis da eleição de 2022?
Fiz alguns cordéis, mas não refletem um desejo pessoal do poeta. Todos aqueles produzidos foram feitos sob encomenda de algum fã ou aliado de algum candidato, ou candidata.
Existe alguma pretensão de fazer um cordel para a atual governadora de Pernambuco?
Pretendo fazer, sim. Estou torcendo que algum cliente me peça para escrever sobre a atual governadora. Sobre as biografias de políticos, não faço de maneira aleatória ou por paixão. Sempre faço a partir de uma demanda, seja solicitada por um aliado ou apaixonado que me pague. Nunca usei a arte do cordel para fazer política partidária, porque produzir exige um investimento de tempo e dinheiro. Todos os cordéis de políticos que fiz, foram feitos sob encomenda.
Fonte: vozesdafeira6.wixsite.com
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