16/12/23

O VULCÃO DE CARUARU O PRIMEIRO ESTRONDO DE 1853. por Hélio Florêncio

Caruaru, 30 de agosto de 1918, 17 horas e 25 minutos, uma sexta-feira, a terra tremeu. Pânico, medo, inquietação.

Em Caruaru acontecem periodicamente pequenos tremores de terra, conhecidos popularmente por “ESTRONDOS”, pois são normalmente precedidos de fortes barulhos, lembrando trovões ao longe.

O primeiro estrondo registrado na imprensa estadual foi publicado no Diário de Pernambuco, edição nº 240, do dia 01/09/1918, a seguir reproduzido.

No dia 19 de setembro de 1918, sobre essa ocorrência, o professor, advogado, historiador, jornalista, político, músico, geógrafo, 1º secretário do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco Mario Mello1, leu um comunicado na sede da entidade, onde mencionou a possibilidade da erupção de um VULCÃO em Caruaru, devida aos estrondos que têm precedido os movimentos sísmicos. Após aviso da leitura, publicado na edição 260 do dia 21/09/1918, o Diário de Pernambuco reproduziu na íntegra o comunicado na edição 262 do dia 23/09/1918, amostrados a seguir:

 

É dessa época, a partir desse comunicado, felizmente não concretizado, o início dos boatos, que o Morro do Bom Jesus seria na verdade um vulcão adormecido, mostrado com sua igrejinha na foto a seguir, provavelmente de autoria de Nôzinho de Freitas, de meados daquela década.

Pelo ângulo apresentado, foto parece ter sido clicada das imediações da atual sede da ACIC, desde que se observa, em primeiro plano, uma vala que parece ser o corte existente no terreno, naquelas imediações, para passagem dos trilhos ferroviários.

O professor ainda registraria na edição nº 300 do Diário de Pernambuco de 29 de dezembro de 1929, após as ocorrências de novos sismos que: 

Ainda informava no mesmo artigo, que o primeiro tremor de terra observado em Pernambuco teria ocorrido no Recife e em Olinda no dia 28/10/1811, além de que o primeiro tremor em Caruaru, também mencionado pelo Jornal Cinco de Novembro no primeiro comunicado, teria ocorrido no ano de 1908, embora sem precisar a data, desde que não estava baseado em dados oficiais.

Em verdade, essa última afirmação está equivocada, pois o livro de atas da Câmara de Vereadores de Caruaru DO ANO DE 1853, registra que já naquela época: “vinham ocorrendo, de tempos em tempos, tremores de terra normalmente precedidos de fortes estrondos oriundos das profundezas da terra, parecendo vir das entranhas do Morro do Bom Jesus”.

Os registros ainda mencionam “que em setembro de 1853 os estrondos e abalos voltaram a se repetir com tamanha intensidade que toda a população estava apavorada e que o fato foi levado ao conhecimento do governo provincial”.

No dia 06/10/1853, também registrado, a Câmara Municipal recebeu do Governo Provincial um ofício solicitando maiores informações. As atas ainda mencionam que a Câmara nomeou uma comissão para estudar o fenômeno, a qual, evidentemente, por falta de maiores conhecimentos, apenas reafirmou o que já se sabia, sem acrescer maiores informações. Enviada a resposta, não se falou mais no assunto, pelo menos em plenário, desde que não aparece nenhuma outra menção nos livros de arquivo da Câmara.

Hoje se sabe, que os tremores de Caruaru ocorrem porque a cidade fica localizada no meio de uma falha geológica, um foco vulnerável à atividade sísmica, denominado zona de cisalhamento de Pernambuco-Leste. Essa falha começa no Recife e entra pelo sertão adentro até Arcoverde, numa extensão aproximada de 254 quilômetros.

*1 Eternizado no frevo canção, Evocação nº 3 de Nélson Ferreira


Um comentário:

Marco Maciel disse...

Tudo começou quando resolveram tirar o morro BoM Jesus lá do salgado, juntou várias pessoas da época e começaram a empurrar morro onde hoje se encontra, infelizmente os personagens da época do empurra empurra já se mudaram para outros as res. Fica aqui a sugestão para os homens e mulheres, num presbicito saber se volta para o antigo local ou se fica onde está, sujeito aos estrondos, diga de passagem são ótimos para as fofocas e pra quem é hipertenso. Beijos a todos