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Audiência Pública promovida na Câmara com a OAB Caruaru discute gargalos na justiça pernambucana e reivindicações de advogados. Fotos: Vladimir Barreto. |
Uso de inteligência artificial, exclusão de processos de execução fiscal, contratação de mais Juízes e servidores para o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJ PE) foram algumas das alternativas apresentadas na Casa do Povo, hoje, como partes da solução para aumentar a celeridade dos processos que tentam resolver as mais diversas demandas apresentadas pelos cidadão nos Fóruns do agreste. E tudo isso sob a perspectiva de representantes e usuários da justiça comum, mediada pelo Legislativo, apreciadas e rebatidas pelo próprio presidente do TJPE que se fez remotamente presente, graças ao recurso da transmissão ao vivo realizada pela TV Câmara Caruaru.
Bruno Lambreta iniciou a audiência cumprimentando as autoridades presentes e galeria - que estava tão lotada que faltou assento para os que acompanhavam as discussões - o que demonstra, mais uma vez a urgência e relevância da temática levantada, algo mencionado por Lambreta, que também lembrou que, em breve, com a entrega das novas instalações da Câmara, a população terá um plenário a altura das demandas da população Caruaruense para continuar sendo, de forma efetiva, o centro de importantes convenções como essa. Em seu discurso, o parlamentar destacou as diretrizes que deveriam nortear toda a reunião como a cordialidade e a união de todos os interessados em prol de uma justiça mais célere e acessível para todos.
O presidente da OAB Caruaru, Fernando Júnior, que provocou a pauta, reconheceu na tribuna a diplomacia e proatividade do presidente do TJPE, o desembargador Ricardo Paz Barreto que, segundo ele, por questões extemporâneas não pode estar presencialmente no evento, mas que já se colocava à disposição da classe para receber todas as reivindicações documentadas e que seriam prontamente deliberadas e respondidas. Fernando também exaltou o pleito atendido pelo TJ por intermédio da sua atual liderança que foi o pagamento dos alvarás por meio de PIX, resolvendo a antiga demora que a classe enfrentava para ter efetivado o devido recebimento.
O representante dos advogados na cidade aproveitou o ensejo para introduzir os tópicos que também seriam reivindicados na mesma pauta, como a instabilidade do link que dá acesso às audiências com os magistrados, a utilização de inteligência artificial para desempenhar o papel meramente cartorário das varas, o enorme acervo processual que fica ao encargo de poucos servidores, a transição da Diretoria Cível que atende as demandas processuais de Caruaru e municípios limítrofes como Santa Cruz, Surubim, Belo Jardim, Pesqueira, entre outros.
Já o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco, Fernando Ribeiro, destacou a importância de ampliar o número de magistrados para a melhor distribuição entre as comarcas do estado, além de contratar novos servidores, pois o papel humano nas atividades judiciárias é indispensável, ainda que a ajuda da tecnologia se faça urgente para agilização de etapas que podem muito bem serem executadas por máquinas. Fernando também relembrou na tribuna, os inúmeros prejuízos causados a população e ao comércio dos locais onde algumas comarcas tiveram suas atividade encerradas com o fechamento de fóruns em cidades pequenas da região.
A defensora pública, Cláudia Xenofontes, também convidada a participar da mesa de discussão destacou a situação ainda mais lastimável daqueles da qual a celeridade do processo depende suas próprias vidas, como as vítimas de violência doméstica e outras partes tão vulneráveis quanto: pessoas hipossuficientes, que muitas vezes comparecem às audiências após percorrerem longos trechos de caminhada a pé, sem sequer ter tomado um café e ainda ter que ouvir do defensor que ele precisa peregrinar até as varas para desdobramentos de seus despachos.
"Apresentar um olhar sobre nova perspectiva”, foi a preocupação de Agenor Miranda - procurador do Estado, que na ocasião também representava a procuradora geral, Bianca Teixeira. Para ele, dados bastante alarmantes apresentados em matéria que leu durante a audiência, poderiam apresentar a chave para uma solução mais rápida e certeira que aliviará, bastante o acervo das varas. Segundo a estatística demonstrada por ele, hoje 88% da taxa de congestionamento dos processos fica por conta do próprio Estado que demanda o judiciário com excessos de Execuções fiscais, sendo que 52% dessas provocações poderiam ser extintas pelo juiz como ocorrem em âmbito federal - medida incentivada por um trabalho em conjunto da Procuradoria da Fazenda, Conselho Nacional de Justiça e União e que poderiam muito bem ser replicada aqui. Ele que já foi servidor e também oficial de justiça do TJ diz que entende as dificuldades internas enfrentadas pela instituição e ratificou também a fala de urgência de Xenofontes quando disse que as mulheres vítimas de violência não podem mesmo esperar o tempo que leva hoje um processo de pensão alimentícia, por exemplo.
A vereadora Perpétua Dantas (PV), que como bem remontou em sua fala estar vereadora pelo mandato, mas ser advogada e professora de direito por profissão, corroborou com as observações dos colegas advogados, lembrando o início de sua atuação lá atrás e apontou que a justiça pernambucana precisa reformular sua forma atuação para de fato tornar-se acessível a grande população e que ninguém busca os fóruns à toa, ou de boa vontade, mas por problemas que de verdade doem na alma - relatou com empatia. E cobrou energicamente que os apontamentos defendidos na audiências fossem levados a cabo.
Ricardo Paz Barreto, presidente do TJ PE, agradecendo os apontamentos, que segundo ele serão analisados com muito respeito e cautela, também enalteceu a oportunidade de poder dividir com todos ali as medidas adotadas pelo tribunal para sanar essas questões e que começam a ser executadas a partir desta primeira semana de março. Ricardo falou sobre a intensa capacitação interna que os servidores estão recebendo desde o ano passado para atuar na renovação de cada uma das diretorias, que não se restringe a área cível simplesmente, mas que são formadas em torno de cada uma das disciplinas em que atuam as varas de justiça de Pernambuco e que funcionarão geridas por núcleos formados por servidores de todo o estado, comandados e coordenados pela sede, e que trabalharão de forma remota, sem ter que se afastar de suas comarcas, mas atuarão com muito mais eficiência, amparados por aparatos tecnológicos, orientação e fiscalização direta de desempenho e produtividade - que serão medidas por escalas objetivas, desenvolvidas para refletir fielmente cada uma das etapas a serem acompanhadas e hão de impactar muito positivamente na celeridade processual - através de um programa que bonificará substancialmente com incentivos financeiros os servidores que baterem suas metas e prazos.
Esperança foi o sentimento externado pela maioria dos oradores que se inscreveram para usar a tribuna após a fala de Paz Barreto, outros menos otimistas preferiram usar o termo “benefício da dúvida". O procurador do município, Bruno Bacelar, convidado pela Casa a participar da mesa de discussão, e que representava o prefeito Rodrigo Pinheiro no momento, elogiou a iniciativa da Câmara em parceria com a OAB, sustentando atenção do seu discurso de encerramento nas palavras proferidas no momento: “ o benefício da dúvida existe (…) a esperança também existe. Se de fato a efetividade dessas diretorias funcionarem será ótimo e externaremos o elogio e o faremos chegar até o Tribunal de Justiça, caso não, estaremos aqui à disposição’, concluiu.

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