09/03/18

O zabumbeiro mais rock n roll do mundo

*Texto originalmente escrito em 22/09/2015
A música é um organismo vivo, que existe num espaço e tempo, e nessa meia-vida ela pulsa nos corações mais sensíveis. Música se sente, diria Beethoven uma hora dessas. Uma banda é formada por vários sons e responsabilidades sonoras: os instrumentos.

Foto: Nadinelson Oliveira
Os melódicos falam na língua das notas, e no sotaque da harmonia, massageando nossas almas.
Os de percussão pulsam,
são o pulmão da banda,
falam na língua dos ritmos,
dominam o tempo, são relógios.
Determinam o desenho sonoro das ondas cardíacas,
fazem nosso coração dançar junto com a respiração.
Esse diafragma sonoro pode ter pulsações mais agudas ou mais graves,
isso depende do mágico dos ritmos: o percussionista.

A música habita na paisagem sonora ao seu redor, um toque para os desavisados.
Como domadores do tempo, eles sempre aparecem junto com outras notas em trânsito, agitadas pelo ritmo, quando a cultura grita: “nossa arte acordou”.
Entre choques de geração, e trânsitos sonoros, eis que escuta-se uma pancada em meio as rodas de pífano, o elemento mais rock n roll do grupo — Sim, o rock n roll não habita apenas os pedais de distorção, e as notas apressadas de uma guitarra, ele existe desde sempre, desde o “reinado perdido da cultura popular”.
No espectro do microfone e nos ecos que escapam do palco, escuta-se bem baixinho: “ai papai”, e como em um delay… ele repete: “ai papi”. Era o carisma sendo levado pelo som, a alegria em pessoa, fazendo mágicas na braúna com a mão esquerda, e domando o fôlego da música com a direita. Vestindo seu inseperável sorriso, como uma criança imerso numa eterna brincadeira, era um mestre; desses que não se encontra tão facilmente assim. Para os amantes do compasso, e simpatizantes do baque solto, precisam escutar esse mestre da zabumba: Bastos, o zabumbeiro mais rock n roll do mundo.

Nenhum comentário: