Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!
Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos conforta.
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!
Não era esse que a carne nos conforta.
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!
Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
– Velho caixão a carregar destroços –
E eu saí, como quem tudo repele,
– Velho caixão a carregar destroços –
Levando apenas na tumbal carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!
Augusto dos Anjos nasceu no engenho do Pau D’Arco, hoje Cruz do Espírito Santo, na Paraíba, dia 20 de abril de 1884. “Raríssima vezes detém-se ele, como o comum dos homens, na aparência das coisas. Prefere antes penetrar-lhe microscopicamente as entranhas para discernir as células ou átomos de que são feitas – ou, mais fundo ainda, os ‘intramoleculares sóis acesos’ que o seu subconsciente entrevê em ‘Numa Forja’ –, quando não ultrapassá-las telescopicamente para abarcar com a sua mirada o cosmo, o universo inteiro.” – na apresentação de José Paulo Paes.
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