30/05/18

Nós somos um povo honrado


Senhores excelentíssimos,
Com os corações macérrimos,
Atentai para os paupérrimos
Sob governos riquíssimos.
Os vossos carros novíssimos,
Contas de banco e mansões,
São aviltes aos grilhões
Do menor abandonado.
Nós somos um povo honrado
Governado por ladrões.

De baixo, vemos o alto
Com o conceito deturpado.
Pois a Câmara e o Senado
E o Palácio do Planalto
Quando não tomam de assalto
Compram votos nos balcões
Com conchavos e chavões
De espírito desconchavado.
Nós somos um povo honrado
Governado por ladrões.

Nós, simples trabalhadores,
Com a matéria ferida,
Somos a classe oprimida
Pelos colonizadores,
Autocratas, ditadores,
Coronéis e charlatões,
Que, com suas perversões,
Deixam o solo ensanguentado.
Nós somos um povo honrado
Governado por ladrões.

Um povo que, com carinho,
De ensinar não se furta:
“Mentira tem perna curta”;
“Seja pobre, mas limpinho”...
“É melhor ter paz no ninho,
Do que conseguir mansões
Acumulando milhões
Com ouro impuro e roubado”.
Nós somos um povo honrado
Governado por ladrões.

O brasileiro é humano
E tem com o bem um laço químico,
Um jeito “macunaímico”
(Feito Chicó de Ariano),
Prega peça e traça plano,
Contorna situações,
Mas repudia opressões
Do déspota vil potentado.
Nós somos um povo honrado
Governado por ladrões.

Não se assassina a semente
Da esperança de um povo,
Vai surgir um raio novo
Enfeitando o sol nascente.
Algum dia, brevemente,
No ‘eschatós’ das nações,
Com juros e correções
Tudo isso será cobrado.
Nós somos um povo honrado
Governado por ladrões.

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