30/06/18

Imagens do São João de Caruaru por Edu Lima


Bacamarte é uma arma de fogo, de cano curto e largo, também conhecida comogranadeira, reiuna, reuna ou riuna, principalmente, no Nordeste brasileiro. 


As granadeiras ou bacamartes que serviram na Guerra do Paraguai, em 1865, foram modificadas para que as armas se adaptassem ao uso dos bacamarteiros nas festas do interior de Pernambuco.


Desde os fins do século XIX, grupos de bacamarteiros se exibem em Caruaru durante as festas juninas.


De um modo geral, o folguedo se constitui de homens portando bacamarte, que são disparados com cargas de pólvora seca, em homenagem aos santos padroeiros ou em cerimônias cívicas e políticas.


Em Caruaru, os bacamarteiros reúnem-se em grupos, troças ou batalhões, sob a chefia de um sargento e o controle geral de um comandante, que responde, perante às autoridades, pelos atiradores durante as apresentações.


A forma como os bacamarteiros se agrupam é bastante primitiva. Não há formalidades ou regulamentos. Só é necessário possuir um bacamarte, obedecer ao sargento e saber manejar a arma. 


A sanfona de 8 baixos, o triângulo, o zabumba de couro curtido e a banda de pífanos, acompanham os bacamarteiros de Caruaru, ao som de uma melodia de xaxado, que é acelerada nos desfiles ou lenta nas evoluções, na apresentação das armas, na frente das Igrejas e antes do início das salvas.


O vestuário compõe-se de roupa de zuarte (algodão azul), lenço no pescoço, chapéu de couro, alpargatas e cartucheiras de flandre. Os bacamarteiros oriundos dos brejos, usam chapéus de abas largas, quebrado na frente, enfeitados com flores silvestres.


Eles também colocam flores nos canos das armas.
Os comandantes exibem estrelas nos ombros e nos chapéus e usam bengalas ou guarda-chuvas como símbolo de comando.


Apesar de Caruaru ser o maior pólo de bacamarteiros no Estado, existem também grupos em outros municípios pernambucanos como Cabo, Limoeiro, Belo Jardim.


Luiz Gonzaga gravou uma música de Janduhy Finizola, Os Bacamarteiros, vamos terminar com esses versos seus.


 Chegou São João
É tempo de baque
Do baque do bacamarte
Que o bacarmateiro } bis


Vê quantos guerreiros, granadeiros
A riúna e a columbrina
Aglutina o batalhão
Cobrem-se de cor do infinito
São vistosos, revoltosos
Do começo da Nação

Salvas nas ressalvas do passado
Chega o cheiro da fumaça
Descompassa o seu sofrer
Dança e a descança na lembrança
Do que foi a grande guerra
Ao lutar no Paraguai


Segure a arma, o bacamarte é esta arte
De saber fazer um tiro
De ilusão e tradição
Bacarmateiro, eu quero o coiçe deste tiro
Só assim eu sei que tiro
Tanta dor do meu viver
Um passo à frente que a mistura apura o grito
Carrega o fogo, que tem fogo pra brincar
Bacarmateiro, vê se acerta o meu destino
Este tino em desatino } bis
Sem calibre pra atirar

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