30/07/18

Douglas Cintra: "esse governo (Temer) hoje precisa caminhar bem, para que as coisas não piorem no país"

Crédito: Divulgação
O suplente de senador Douglas Cintra, ainda não tem definido se vai lançar-se candidato a algum cargo ou não. Uma das possibilidades é que ele assuma a coordenação da campanha de Armando Monteiro para Governador. Para Federal, Douglas apoia a candidatura do jornalista Fernando Rodolfo, que teve a candidatura homologada pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS), no sábado (28). 

No programa Jornal VANGUARDA, que vai ao ar pela Rádio Caruaru FM (de segunda a sexta, das 7h às 8h), ainda no início do ano, Douglas em entrevista falou sobre vários assuntos do cenário político local e nacional. Vamos conferir:

BRASIL ATUAL

"Na época do impeachment de Dilma eu fiz um artigo, publicado por um jornal em Recife, do risco de se fazer uma mudança naquele momento e se colocar alguém no governo que estava envolvido em tantos problemas de corrupção, e a gente sabe que o governo Temer tem um problema grave de diversos ministros e ex-ministros e problemas jurídicos até com ele, e isso traria instabilidade ao país.
Mas é preciso separar e ver que esse governo hoje precisa caminhar bem, para que as coisas não piorem no país. Que há bons ministros, a exemplo do que temos em Pernambuco, que tem nos dado bons ministros, como Raul Julgman, Mendonça Filho, Bruno Araújo. Então ao citar o governo Temer é preciso fazer algumas ressalvas. Eu conheço pessoalmente alguns ministros. É importante dizer isso hoje poque infelizmente nós temos no país atual um radicalismo vindo dos dois lados. Aquela pessoa que defende de forma radical um lado, vou citar como exemplo, o do Lula, e o outro que defende Bolsanaro, ambos sem aceitar sequer um diálogo que possa convergir para ideias, para coisas que possam surgir para o bem do nosso país.
Precisamos de mais ponderação, precisamos de tratar os projetos como sendo não de "A ou B", mas de tratar os projetos como sendo para o país. Se é bom, independe de vir de Temer, que é alguém que tem sua ética extremamente questionada, e eu vou repetir isso muitas vezes poque eu acho que no Brasil nunca teve um governo tão plenamente na ética tão questionado quanto esse Temer, mas isso nós não podemos mexer agora. Isso é uma questão jurídica que já foi para Câmara e sabemos que ele vai responder após sair do governo.
Eu acho que ele vai enfrentar graves processos contra ele.

DESCRÉDITO DOS POLÍTICOS

Para mim eu acho que esse é o nosso problema mais grave. Mais grave até que a corrupção. Se a população continuar vendo no político apenas a expressão daquilo que não presta, que é a corrupção, ela não vai ter nas eleições o papel a desempenhar que se espera. Eu não sei se é 40%, 50% ou 70% dos políticos que não prestam, mas tem uma parte do bem, então temos que trabalhar para que essas pessoas possam continuar lá. E tem outra coisa importante, essas pessoas que são do bem elas não aparecem na mídia.
Nosso senador Armando Monteiro Neto não tem nenhum processo contra ele, e ninguém diz isso. Mas aparece no jornal aquele que tem processo, então o que fica na imagem da população é que todo político é corrupto, que tem processo e que está sendo investigado.
E há ainda outro ponto, se eu tenho consciência que essa pessoa é do bem, eu vou contactar outras pessoas e falar da responsabilidade e compromisso dela com o país e, em vez de receber por isso que eu fiz questão de citar pessoas que tem sua imagem preservada e que querem fazer o bem.


Cintra com Armando e Rodolfo
O PAPEL DO ELEITOR CONSCIENTE

Nós não podemos ter vergonha de colocar o nome de uma pessoa que a gente considera do bem e correta (numa praguinha) em nosso peito e trabalhar para que ela seja eleita. O momento é de inverter o que sempre aconteceu, que é estar "comprando votos" por aí. Como eleitor devemos fazer o inverso, procurar convencer meus amigos, aquelas pessoas que eu conheço, que aquela pessoa que eu vou votar ela tem um currículo bom. Ela tem uma história boa. Ela tem um compromisso real com o país e com a responsabilidade, e a partir daí eu vou trabalhar para essa pessoa, ao invés de querer que essa pessoa me contrate para que eu faça isso, eu vou me disponibilizar para que ela possa chegar ao poder. E ela chegando ao poder eu vou cobrar dela que ela cumpra o que prometeu em campanha.

Eu convivi com 80 senadores. Eu conheço pessoas que você sabe no dia a dia que são pessoas sérias. Eu considero que mais da metade são comprometida com o bem do país. Ana Amélia do Rio grande do Sul, Paulo Paim e Lasier Martins, por exemplo, são pessoas que não existe nada contra eles.

Quando eu assumi o senado, e chegava lá pelos corredores e os amigos começavam a me conhecer melhor, eles diziam "ah, você está substituindo Armando?... Grande responsabilidade, pela imagem que ele tem aqui dentro, pela visão que ele tem de país."

EMPRESÁRIO x SENADOR

Os motivos são diferentes, mas igualmente com dificuldades. Por parte do Estado você tem um Estado que não permite as empresas se desenvolverem adequadamente. Existe muita burocracia. Custo pesadíssimo e risco elevadíssimo. Há informações equivocadas, por exemplo, de que o empresário é que está pagando o ICMS, na realidade quem está pagando é a população quando compra o produto e aquele imposto está embutido dentro do produto. O imposto que a empresa paga é naquilo que ela ganhou de lucro. Cerca de 70% a 90% da margem de uma empresa é custo, e esse custo está dentro os impostos e tudo. Por exemplo, quando uma pessoa vai no mercado e compra  algo, tem 35% de imposto no valor, e muitas vezes ela não sabe disso. Isso faz com que tenhamos países mais competidores, compramos fora por ser mais barato e tira emprego da indústria brasileira, está tirando oportunidade da empresa brasileira crescer e fazer novos investimentos.

No senado, as dificuldades é de fazer as coisas funcionarem como deveria, porque tem senador, e mais ainda deputado, que se preocupa mais em aparecer, dizendo que está defendendo uma causa, do que analisar e avaliar, e ver o que aquela causa realmente representa. Como costumamos dizer, tem muita gente jogando só para torcida do que furar o gol, que é fazer a economia crescer e trazer mais emprego para as pessoas. Se abríssemos as porteiras do mundo todos querem morar lá.

Lá, se a pessoa quiser ser professor, juiz, mecânico, etc. lá, ele vai ganhar perto. Não tem as distorções que tem aqui. aqui, cada governo que entra coloca sua visão e não pensa no futuro. Eu vi lá no senado alguém se levantar contra um projeto para ser contra um governo, e, um ano depois, ser a favor porque mudou o governo.

VOTAR NO QUE É BOM PARA A NAÇÃO

Eu fiz parte da mesa diretora do senado. Entre os 81 senadores, 11 compõe a mesa e eu tive a honra de ser um deles. E depois tive a honra de ser líder do partido para fazer reuniões semanais com os ministros do governo. eventualmente a cada mês com a Presidente da República para se analisar a pauta do congresso. Uma das pautas mais interessantes foi quando apareceu uma pauta lá do senador José Serra, todo mundo começou a contar os votos se poderia ganhar ou não... e eu fiz uma pergunta a presidente: "qual o motivo de recomendar a votar contra? O que a senhora perde com isso", aí dois partidos da base ainda reclamaram... e felizmente no outro dia a presidente orientou que votasse a favor.

É preciso acabar com o exagero e radicalismo e debater a essência. Se for bom, aprova. Se não for bom, não aprova. 

IMPEACHMENT DILMA

Hoje, além das pedaladas fiscais nós temos pedaladas legais, éticas, morais. Se a presidente Dilma tivesse feito 5% daquilo que Temer tem do currículo jurídico, vamos dizer assim, de questionamento de processo, ela não teria ficado uma semana lá. O que aconteceu foi um processo político, embora a gente tenha que reconhecer que foi constitucional. A presidente tinha muita dificuldade na relação com o Congresso Nacional e aconteceu o que aconteceu.



MICHEL TEMER

O modelo do que está acontecendo lá está errado. As pessoas ficam defendendo governos, em vez de defender leis, ideias, caminhos. O que aconteceu lá foi uma disputa pelo poder. As coisas que estão acontecendo lá são históricas. Todo mundo fala que a presidente Dilma errou em gastos, nisso e naquilo, errou em dar benefícios para empresas. mas, na época em que ela estava fazendo todos defendiam.

CUIDADO COM AS PROMESSAS

Eu vou citar aqui, por exemplo, as promessas que Paulo Câmera fez quando foi candidato a Governador, isso foi publicado na imprensa, uma delas teve gente do sindicato que me procurou e disse "você precisa falar com Armando para ele prometer isso também", e eu disse que eu nem falaria pois sabia que ele não faria esse tipo de promessa. Ele (Paulo Câmara), por exemplo, prometeu que ia dobrar o salário dos professores de Pernambuco.

QUEM FICA, QUEM SAI

Eu acho que está chegando o tempo em que aqueles que querem fazer política sem profundidade e no imediatismo, tem que ser afastado da área pública. Essas pessoas ou passam a avaliar de forma mais responsável tudo aquilo que passa pelas Câmaras Municipais e pelas Assembleias Legislativas e pelo Congresso Nacional. Evidentemente a população não vai conseguir avaliar tudo. Os próprios deputados Federais, muitos votam projetos sem ter conhecimento.

SEU MANDATO

Felizmente eu tive uma postura diferente. Eu fui relator de 72 Projetos de Lei. O senador Cristóvão Buarque contratou meu chefe de gabinete. E teve uma vez que eu estava revisando três projetos de Lei concomitantemente e ele me via entrando e saindo para outras reuniões e depois voltava, tudo ao mesmo tempo. E me perguntou como eu conseguia aquilo...  Eu expliquei que havia contratado uma equipe técnica para poder fazer isso. Eu não tenho condições de ler todos os projetos, mas minha equipe tem, então eles fazem um resumo e eu não deixo passar nenhum projeto sem ter conhecimento sobre ele.

Eu tive oportunidade de receber, por exemplo, o presidente do Sindicato dos Funcionários Públicos Federais. E eu tive a oportunidade de relatar um projeto de Anastasia, que era oposição a nós, e convidei o assessor dele, o presidente do Sindicato e o Secretário de Planejamento, para uma reunião e ao final de duas horas, nós saímos de lá com um projeto de lei que foi aprovado sem dificuldade. 

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