28/07/18

Faz o Teu

Entre um disco e outro, entre uma produção e outra, escapam gravações. Ensaios capturados e registrados de maneira completamente crua — low-fi, independente, sem edição. Mas são registros de sons que fogem e que habitam o espaço que flutua entre prenssagens e produções oficiais. Notas livres e soltas, sem pressa de existir, onde o unico relógio é o metrônomo (e olhe lá), e a unica regra é não ter regra. A musica escapa da coleira fonográfica do mercado, explode no infinito e inventa lugares, cria espaços, e simplismente acontece no compasso do improviso. 
A musica passa a existir sem consentimento dos proprios instrumentistas, ela nasce sem controle (ninguem sabe quando ela vai terminar, nem qual vai ser a proxima nota). Ela desterriotorializa os instrumentos, tira o músico da zona de conforto, inverte os papéis (o controle passa a ser da música e não do artista), incomoda (no sentido mais inocente da palavra), causa ansiedade (pela falta de controle)…..Silencio! respire!
“e aí, vamo fazer o que agora?”.

“Antes da música o tempo não passava, assim como silêncio não havia” (parafraseando a Rua). Nesse flagra, a alma já retornou pro musico, a razão foi ativada e ela já existiu sem ele se dar conta. O improviso é justamente… “isso!”.
Não, esse som não ta em nenhum disco de banda instrumental, esse tema não existia antes desse instante, não ta na gravação de nenhum interpréte, esse som não existe!
ele criou um lugar agora, inventou um espaço novo. A música escapou pra onde antes não havia nada, escolheu os instrumentistas e disse: “Faz o teu”!

*Texto originalmente escrito em 25/05/2015


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