25/07/18

Música: do apogeu à decadência humana – por Jénerson Alves


O velho ditado diz que “quem canta seus males espanta”. Ou seja, a música exerce uma influência nas emoções, nos sentimentos, no espírito de uma pessoa. Ela é capaz de “amansar feras”, interferir no sentido físico. Surgida em tempos imemoriais, a música desperta a atenção de todos os seres. Segundo a tradição bíblica, os anjos cantavam durante a criação do mundo. Após o mundo criado, o primeiro músico da Terra foi o tetraneto de Caim, chamado Jubal, natural de Node.


Na Antiguidade, a música esteve relacionada a rituais. Os gregos utilizavam a música para se comunicarem com divindades. Ainda na Antiga Grécia, o filósofo Pitágoras descobriu as notas musicais, ao analisar uma corda esticada. Em boa parte de A República, Platão disserta sobre o impacto da música no que concerne à desordenação das almas e do Estado. Na Mitologia, Apolo é o deus da música.


Durante a Idade Média, o monge católico Guido d'Arezzo criou a pauta de cinco linhas, que utilizamos até hoje, bem como nomeou as notas musicais como as conhecemos atualmente (dó,ré, mi, fá, sol, lá e si). Ainda durante a Idade Média, a Música fazia parte das disciplinas essenciais daqueles que pretendiam ser cultos. Naquela época, o ensino era baseado no Trivium e no Quadrivium, que, juntos, formam as Artes Liberais (ou seja, que libertam). O Trivium (que significa “cruzamento de três caminhos”) é composto pela Lógica, Gramática e Retórica. Já o Quadrivium (“cruzamento de quatro caminhos”) é composto pela Aritmética, Astronomia, Geometria e Música (esta última, a aplicação da teoria do número).


Após o Renascimento, a música profana ascendeu. O barroco (século XVII) começou com a composição de ‘Orfeu’, de Montiverdi, a primeira grande ópera, e nos trouxe compositores da estirpe de Antonio Vivaldi, Domenico Scarlatti, Johann Sebastian Bach e José Antônio Carlos Seixas. No Classicismo, a sonata ganhou evidência, de modo que a música instrumental protuberou em relação à vocal. Wolfgang Amadeus Mozart e Ludwig Van Beethoven são destaques neste período. O Romantismo gerou grandes compositores, que buscavam aperfeiçoar os solos difíceis, a exemplo de Giuseppe Verdi, Gustav Mahler, Richard Wagner e Fréderic Chopin. A música moderna, a partir do século XX, ganhou ritmos mais vigorosos e dinâmicos, com mais possibilidades de experimentações, mediante o trabalho de ícones como Igor Stravinsky, Sergei Prokofiev e Heitor Villa-Lobos.


Infelizmente, nos últimos anos, o que se vê é o desprezo pelo que a música possui em sua essência. Ao invés de colaborar na reflexão e exaltação do espírito, ela tem sido relegada ao mero entretenimento, quando não subjugada à baixeza da instrumentalização política e ideológica, cooptada por movimentos eivados de ódio, cujo objetivo é destruir a civilização e promover a decadência humana, como ocorreu recentemente, em praça pública, por uma certa cantora em um certo festival custeado com dinheiro público.

Nenhum comentário: