28/09/18

O SOL DE VITÓRIA por Agildo Galdino



Não poderia ter outro endereçamento que não fosse o de dedicar esse texto às crianças que tanto nos encantam e nos despertam a escrever tudo que vem na mente a respeito delas sem pensar em subterfúgios.


No dia do jogo entre o Brasil e a Suíça, em nossa estreia nesta Copa de 2018, fomos à casa da d. Josefa, na cidade de Jupi, distante de Garanhuns alguns quilômetros. Já passávamos da cidade de São Caetano e seguíamos nosso itinerário com um tempo estimado de aproximadamente uma hora, partindo de Caruaru.


De repente, aquela mãozinha por trás, no meu ombro: – Pai! – Diga, filha. – Pai, por que quando ando, o sol me acompanha aonde eu vou? – Como assim Vitória? – É, pai. Antes de sair de casa, o sol estava na nossa rua, bem acima em frente a nossa casa lá no céu. E agora ele está aqui atrás. Olha aqui para trás. E apontou para o sol reluzente sob o céu azul. Evidente que não olhei, estava dirigindo. – Olha pelo espelho, pai. – Ô filha, não dá, estou ao volante.

Então disse-lhe que o sol também me acompanhava e que poderia lhe contar uma história interessante. Mas como era uma história um pouco longa propus a ela um acordo. Quando chegássemos em casa, iríamos ao escritório assistir a um vídeo sobre o sol e a terra. – Certo. Tá bom, pai.


A viagem prosseguia e logo me pus a pensar. Como iria falar para uma criança de seis anos de idade sobre assunto tão complexo. Então pensei comigo mesmo: A primeira coisa que vou dizer é que a Terra não está parada, que ela se desloca, gira, continuamente, no espaço e que durante essa movimentação em algumas partes da Terra é dia e em outras é noite.


Entre os movimentos da terra, o de rotação e translação são os dois principais e mais conhecidos. A rotação é o giro da Terra em torno de si mesma levando o tempo de vinte e quatro horas para dar uma volta completa, sendo responsável pela alternância do dia e da noite. Já a translação é a volta da terra em torno do Sol e esse movimento completo tem a duração de um ano (365 dias) e faz com que se sucedam as estações do ano. Assim, à temporada em que os dias são mais longos do que as noites chamamos de verão. Já inverno é o período em que as noites são maiores que os dias. Já a primavera e o outono correspondem a períodos em que os dias e noites possuem a mesma duração de tempo.


A viagem prossegue e antes de chegarmos a nosso destino, numa parada para abastecer o carro, eis que lá vem Vitória. – Pai! Veja minha mão (mostrando-me a mão esquerda fechada). – Isso é a terra, viu pai? – Certo, filha. – Isso é o sol (segurando na mão direita o celular com a lanterna acesa) e girando a mão na tentativa de demonstrar uma volta girava a mão para direita e esquerda e apontava a luz da lanterna fixa na direção da mão esquerda: – Pai, isso é o sol e a terra. O frentista chegou e seguimos viagem. Enfim, fiquei na dúvida se ela já teria tido essa aula. Ainda vou perguntar a ela, mas seja como for é esplêndido ouvir as crianças.


Ah, naquele domingo, ela estava inspirada. Ao chegar à casa da bisa, seu tio, de codinome “Mamão”, que gosta muito dela, referindo-se ao tempo em que não se viam, lhe perguntou: – Vitória, você me esqueceu? – Não tio, foi por causa da gasolina. Mas tarde o tio vendo ela dar ao priminho Rafael uma camisa da Seleção, novamente brincou com ela: – Vitória, você não trouxe uma para mim? – Ó tio, não tinha o seu número. Apesar do jogo foi um dia prazeroso.


Agildo Galdino Ferreira
Membro da Academia Caruaruense
De Cultura, Ciências e Letras

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