10/10/18

“Vou fazer o possível para unir o cordel e o teatro”, declara Jefferson Moisés


Seguindo até o próximo dia 14, o Festival de Esquetes e Teatro Infantil de Caruaru (Festic) está movimentando a cena artística em Caruaru e região. Este ano, o festival celebra sua 20ª edição, homenageando o peta Enéas Alvarez (in memorian) e a professora Aleksandra Duran. O evento acontece no Teatro João Lyra e é realizado pela Associação dos Artistas de Caruaru (Assartic).
Entre os espetáculos que integram o festival, chama a atenção a peça “Vingança de Matuto”, que une o teatro com a literatura de cordel. Conversamos com o cordelista Jefferson Moisés, um dos atores do espetáculo, sobre a peça e a junção entre a poesia popular e a encenação nos palcos.

Confira:
Como surgiu a ideia de unir teatro e cordel?
Como defendo mais a causa declamatória da Poesia, da literatura de cordel, sempre que estou em palco declamando eu me imagino fazendo parte da história que está sendo contada. Em muitos casos, até me emociono contando os poemas – principalmente de Zé Laurentino e Chico Pedrosa – e vejo que a interpretação ajuda bastante ao entendimento do público presente.
Essa interpretação vem do teatro, pois já participei de alguns espetáculos como ‘O Coreto’ e ‘Deu a Louca no Convento’. Então, esse trabalho com o teatro ajuda e nos dá a noção com a expressão corporal, as expressões faciais e tonalidade de voz. Como muitos cordéis têm histórias dramáticas, emocionantes e engraçadas, dá para adaptar e colocar em palco fazendo assim  o cordel realmente ter vida aos olhos dos espectadores.
Quando eu escutei pela primeira vez, através do cantor Lirinha da Banda O Cordel do Fogo Encantado, ele declamando esse texto do poeta Zé da Luz, Vingança de Matuto, de cara já me veio a ideia de não só declamá-lo, mas sim apresentá-lo em palco. E quando vi que começaria o FESTIC, Festival de Esquetes e Teatro Infantil de Caruaru, conversei com os colegas e decidimos botar em prática a ideia de botar o cordel no teatro.

Por que a escolha de um poema de Zé da Luz?
Sempre fui fã dos poetas Amazan, Chico Pedrosa, Zé Laurentino, Jessier Quirino... Mas pesquisando, como falei, vi Lirinha declamando um poema de Zé da Luz e achei o poema grandioso demais, tanto nos versos como também no tempo, praticamente 12 minutos de poesia. Como eu gosto do desafio de decorar poemas longos, fui decorar e também pesquisar um pouco mais sobre o poeta, foi onde também vi o ator Jackson Antunes no Programa do Ratinho encenando outro poema de Zé da Luz e aí foi quando que me encantei mais ainda com o poeta.

Qual o enredo da peça?
Tudo se passa em uma delegacia onde o matuto está contando sua versão para o delegado. Matuto esse muito bom de tiro que por muito tempo era famoso por cortar pelo meio flores e cigarros que estavam na boca das pessoas. Mas no dia do seu casamento “houve festa, houve folia, num grande divertimento até a chuva chuvia” o matuto acaba sendo desafiado por um cabra que não era muito do seu agrado e uma grande tragédia acontece... e o restante só estando presente no Teatro João Lyra Filho às 19h30 para ver essa história comovente e trágica (risos).

Pretende expandir esse projeto?
Pretendo sim, o que estiver ao meu alcance para poder fazer a junção do cordel com o teatro vou fazer com o maior prazer, pois são artes que amo e sempre estarei divulgando, tanto com textos autorais ou de grandes poetas da nossa literatura de cordel.

Ficha Técnica:
Vingança de Matuto
Teatro João Lyra Filho; quarta feira dia 10/10/2018 às 19h30
Autor: Poeta Zé da Luz
Elenco: Phábio Merley, Rafael costa, Ednilson Leite, Jefferson Moisés
Sonoplastia: Carlinhos Aril
Iluminação: Amanda Freitas
Direção: Ednilson Leite


Confira a programação completa do XX Festic AQUI.

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