27/02/19

Em Prosa e Verso - O realismo de Provérbios - por Jénerson Alves


Continuando nossa série sobre os livros poéticos da Bíblia, vamos falar um pouco sobre Provérbios. Assim como nos textos anteriores, estamos encarando os textos sagrados enquanto literatura, isto é, observando o estilo e a escrita criativa dos autores.
A maior parte do livro de Provérbios foi escrita pelo Rei Salomão, nos primeiros anos do seu reinado, ou seja, entre 970 e 930 antes de Cristo. Estudiosos admitem, contudo, que ocorreram compilações posteriores ao século 10 a.C., chegado aos tempos do rei Ezequias (715-686 a.C.).
Ao contrário do que alguns podem pensar, os aforismos de Provérbios não abordam questões “espirituais”, mas retratam elementos da realidade material, presente no dia-a-dia de cada um de nós. Eram utilizados, nos tempos bíblicos, para educar as crianças na prática da vida diária. Eugene Peterson pontua que, já naquele tempo, os israelenses cultivavam uma tradição importante que pode servir de alerta para os dias de hoje: os jovens não deviam ser apenas inteligentes, mas sábios. E complementa: “em Israel isso incluía saber que a vida girava em torno de Deus, não deles”.
Muitas vezes os provérbios estão escritos de forma poética. Tanto é que figuras de linguagem como símile e metáfora são abundantes no livro. É comum que uma determinada área da existência humana seja utilizada para iluminar tópicos relacionados a outras áreas. Para chegar a esse artifício, os autores dos provérbios certamente desenvolveram habilidades praticamente absolutas de observação da vida. Leland Ryken descreve os provérbios como “o apogeu da percepção humana”.
No livro de Provérbios é possível encontrar conjuntos de textos sobre um único assunto, a exemplo da sabedoria, do rei, dos bêbados ou do preguiçoso. Portanto, a leitura do conteúdo de Provérbios pode ser feita tanto em blocos temáticos quanto seguindo a ordem natural dos capítulos da Bíblia.


Vale salientar que se o leitor optar por ler um capítulo por dia do livro de Provérbios poderá concluir a leitura em um mês, tendo em vista que a obra foi dividida em 31 capítulos. Sem dúvida, ao longo do dia será possível refletir sobre os mais diversos elementos da vida cotidiana, despertando olhares diferenciados acerca de situações que nos circundam. Como o mês de fevereiro está para ser encerrado e março possui 31 dias, eis uma dica para os nossos queridos leitores da coluna Em Verso e Prosa.

Um comentário:

Nelson Lima disse...

Um poeta escrevendo sobre a poesia contida em provérbios de Salomão, ótimo.