18/02/19

Opinião: Bolsonaros, sete semanas no Brasil do faz de conta Prof. Urbano Silva




Presidente eleito no segundo turno das eleições 2018 com quase 58 milhões de votos, equivalente a 67% do eleitorado, Jair Bolsonaro tornou-se um fenômeno eleitoral na República, sendo ele filiado a um partido pequeno, de pouca representatividade e quase nenhum recurso para campanhas nacionais. Entre o primeiro e segundo turno, num período de 3 semanas ele cresceu em 8 milhões de votos, sem uma única aparição pública. O discurso via redes sociais, baseado na ética, moralidade, anticorrupção e competências, misturado a uma dose de religiosidade, convenceram seus eleitores que o elegeram, e de quebra seus filhos, sendo um vereador, um deputado e outro senador.
Tomada a posse em primeiro de janeiro, foram suficientes sete semanas de governo para que os Bolsonaros protagonizassem dois focos de incêndios no governo do genitor. O primeiro veio do jovem e deslumbrado senador Flávio, ao ver revelado ao Brasil via imprensa as aventuras ocultas do seu ex-assessor parlamentar, Fabrício Queiroz, cidadão com cara de vigário e atitudes de um diabo dissimulado. Em sua conta bancária, foi identificado um trânsito de um milhão e duzentos mil reais em um ano, incompatível com sua renda única de assessor parlamentar. Se esquiva daqui e dali, consciente que fugir era admissão de culpas, deu uma entrevista na TV se dizendo um inocente mal compreendido, e que pressões desencadearam uma doença no pobre homem. E a movimentação bancária? Nada demais, rendimentos da compra e venda de carros usados nas horas de folgas, na porta de sua casa. Mensalmente, cem mil reais de lucro. Se fosse Ferraris e Lamborghinis, até dava para engolir, mas carros populares na periferia carioca?... Um litro de óleo de peroba para passar na sua cara de pau. Não colou, e deverá ir para os tribunais. Corrupção passiva de agente público dá cadeia.

Por sorte do Presidente, e azar social, o desastre de Brumadinho tirou o foco da imprensa sobre a dupla Flávio e Queiroz, mas...o foco do incêndio continua fumaçando. Sétima semana do governo, e o discurso de moralidade com dinheiro público, ética, honestidade foi jogado na fogueira das vaidades. 

A imprensa revelou ao Brasil os bastidores da campanha eleitoral, e o PSL, partido dos Bolsonaros, viu de olhos arregalados pela TV a confusão dos candidatos laranjas podres, com destaque para Pernambuco. O manda chuvas do partido, Luciano Bivar, que repassou 250 mil reais para empresa do filho, fez cortina de fumaça, e repassou o nó para o já ministro Gustavo Bebianno, que por sua vez trombou com o filhote Bolsonaro, que ganhou a disputa aos olhos do pai e que exonerou o ministro com sobrenome de cachaça artesanal, Bebianno. Alguns milhões do fundo partidário (dinheiro público) manipulados pelo ex ministro e o deputado federal Bivar, apareceram em contas de candidatos laranjas, e o suco azedou. 400 mil reais para uma candidata com 200 votos? Como explicar? E outros casos surgiram instantaneamente. De novo a brigada anti-incêndio do Alvorada entrou em ação. Hora de reabastecer os extintores. Desempregado e chateado, Bebianno sai do governo pelas portas dos fundos, porém com um isqueiro numa mão e um galão de gasolina aditivada na outra. De olho, o TSE e demais Tribunais do país, além claro dos opositores na Câmara e Senado. 

O próximo capitulo? Inimaginável.
A lógica para agora é uma investigação profunda sobre os recursos da relação Flávio e do Queiroz e os caminhos do Fundo Partidário no PSL, dinheiro da gente, frutos de impostos, e manuseados pela legenda e sua cúpula. 

Não tenho registros de nenhum governo em menos de 60 dias já ter dois princípios de incêndios embaixo do birô presidencial. Que tal pedir a opinião do guru dos Bolsonaros, o turrão Olavo de Carvalho? Estamos à espera de seu parecer.

Por fim, quer saber a opinião sobre relações de poder e seus titulares? 
Não pergunte aos aliados, são programados para elogiar.
Não pergunte aos inimigos, são programados para criticar.

Pergunte aos desafetos, se verdadeiros, desnudarão as verdades que incomodam.

Eita, pátria (mal) amada, Brasil.

Prof. José Urbano

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