14/07/19

Arte e Devoção - O quinto mandamento por Jénerson Alves*


Quando mencionamos o nome do pintor espanhol Pablo Picasso, é comum que se faça “automaticamente” a conexão com suas obras cubistas – movimento que ele criou com Georges Bracque. O artista é honrado por ter criado telas como ‘Guernica’ e ‘Les demoiselles d'Avignon’ estão fixadas no imaginário popular no tocante ao trabalho deste artista, cuja biografia é permeada por histórias e lendas.


Entre outras facetas de sua obra, podemos citar a fase azul (1901 a 1905), em que predominaram temas como solidão, morte e abandono. Na fase rosa (1905-1906), enfatiza o mundo circense, com a presença de personagens como bailarinas e acrobatas.


No dia 12 de julho de 1918, Picasso se casou com uma bailarina chamada Olga Koklova filha de um general russo. Em 1921, ela deu à luz a um filho, chamado Paulo. Neste período, Picasso pintou uma série de quadros que retratavam a maternidade. De modo geral, as telas representavam a candura e o cuidado maternal para com o rebento, transmitindo serenidade para os apreciadores da arte.


Aliás, quando falamos em ‘maternidade’, é comum “automaticamente” lembrarmos de um dos preceitos da Lei Moral de Deus (ou seja, os dez mandamentos). De acordo com a lista presente no capítulo 20 do livro de Êxodo, o quinto mandamento diz: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá” (v. 12).


A palavra ‘honra’ tem o significado de reconhecimento de valor. Portanto, ela não se trata de um sentimento, mas de uma decisão por mostrar respeito a alguém. Este respeito produz uma obediência inteligente, em contraste ao controle autoritário. O educador Loron Wade explica: “Nossos pais podem disciplinar-nos, aconselhar-nos, dar bom exemplo, chorar por nossa causa e orar por nós. Mas nunca farão especificamente aquilo que faz toda a diferença. Eles não podem tirar de nós o poder de decisão. A maior honra que lhes podemos conceder não será por palavras nem por amontoar flores sobre suas tumbas, mas por ser o tipo de pessoa que devemos ser. E a escolha de fazê-lo repousa inteiramente em nossas mãos”.


Convém observar que no mundo hebreu o conceito de ‘pai e mãe’ tem uma abrangência maior do que no entendimento ocidental. As palavras ‘ãbh’ (pai, chefe, antepassado) e ‘em’ (mãe, humanidade, ancestral) dizem respeito a respeitar os pais das diversas tribos hebreias. Esta antiga sabedoria produz impacto, por estar diametralmente oposta ao espírito hodierno, no qual predomina o combate ao legado dos antepassados e a construção de uma nova ordem.


Em essência, o mandamento exprime que a forma como tratamos nossos pais moldará nossa relação com as demais pessoas, inclusive com as autoridades. Pode perguntar aos professores de educação infantil quais são os alunos que têm mais problemas com indisciplina. Pode observar a maneira como funciona a dinâmica familiar de tal aluno e compreenderá o porquê da desordem.


Urge que restauremos os princípios de paz na família, que implica na honra aos ancestrais. Esta decisão inclui conhecer e respeitar também as origens da nossa cultura. Lembrar dos dez mandamentos (em especial o quinto) é um bom começo. E, mais uma vez, Loren Wade nos explica: “(...) os Dez Mandamentos não são simplesmente artefatos a serem colocados em exposição na vitrine de um museu. Como uma fonte a jorrar com sabedoria prática, eles oferecem soluções em tempo real para problemas e situações reais com os quais todos nós lidamos a cada dia. São princípios que têm aplicação racional na vida diária de cada um”.

Jénerson Alves é jornalista, professor, poeta e escritor.


Um comentário:

Kézia Lyra disse...

Parabéns pela análise! Sempre é bom entender a grandeza e a importância desses papéis e do mandamento divino!