Dia desses, como
costumeiramente fazemos, eu e meus pimpolhos, Vitória e Pepe, nos deitamos para
conversarmos até eles adormecerem. Mas imaginem minha situação com Pepe em seus
4 anos, acha de tirar uma de super-herói, projetando-se em minha direção com
toda força. É isso mesmo, pai também passa por cada uma... Já a Vitória vive a
dizer que está na pré-adolescência achando-se a “Dona do Pedaço”, já pensou?
Agora em novembro é que faz oito aninhos.
Quando percebi, estava ela
de bruços como que estivesse dormindo. Então perguntei: – Dormindo, filha? –
Não, papai, estou desenhando meu sonho. –
Que sonho, filha? – O sonho da minha vida. – Então me conta que sonho é esse.
Aí ela desencadeou uma conversa em cima de outra. Diria até uma mistura de seus
sonhos, inclusive dizendo do seu desejo de ir morar nos Estados Unidos. É...
deve ser por causa de um tal Halloween.
Mas, afinal, depois de
tantas narrativas e indagações quem terminou dormindo primeiro? Quem? O pai,
claro. Antes, porém, a Vitória já entrara na temática do Natal e
consequentemente lá vem o Papai Noel. Ah, sei que atualmente ela só faz de
conta que acredita no Papai Noel, mas por que não deixá-la com suas fantasias
(sonhos), afinal as fantasias dos pimpolhos fazem parte do seu desenvolvimento
mental e emocional.
Ah, minha gente, por que
crucificar tanto o bom velhinho? Nada há de mais a criança em determinada fase
de seu desenvolvimento acreditar nesse sonho, afinal a vida não é um sonho?
Lembro-me ainda de quando acreditava e esperava pelo Papai Noel. Nem por isso
cresci frustrado. A fantasia findou e eu nem notei.
Mas antes que o dia raiasse
e ela voltasse com a carga toda, no meio da noite acordei, e achei por bem –
para não ser pego de surpresa pela Vitória – abrir as cortinas de um tempo por
demais longínquo e, dali então, saí, juntando pedaços desse tempo, um tempo bem
diferente dos dias de hoje.
Nesse tempo tão distante, na
cidade de Nazaré, morava um casal de noivos. Era um homem simples, um modesto
carpinteiro. A moça chamava-se Maria. Um anjo apareceu a ela e lhe disse: – Eu
sou Gabriel, e lhe trago uma boa notícia: “Aí está o Cordeiro de Deus, o filho
de Deus esperado por muitos. Ele também explicou a José que a criança foi
gerada por obra do Espírito Santo” e será chamado Jesus. José e Maria
casaram-se e José, agora seu esposo, teve
que viajar para Belém para se recensear.
Em Belém, procurou por toda
cidade um lugar (hospedagem) onde ela pudesse ao menos passar aquela noite,
pois Maria estava prestes a dar à luz. Quem imaginava que o bebê preste a
nascer seria o filho de Deus.
Finalmente José conseguiu um local em condições
precárias. O dono morava no andar de cima com a sua família e ofereceu o andar
de baixo, onde era a estrebaria, local onde se alimentava os animais. Ali, a
criança nasceu. Registrava-se assim um dos maiores acontecimentos da história
da humanidade: o nascimento de Jesus na cidade de Belém da Judeia. A partir daí
a história da humanidade dividiu-se em antes e depois de Cristo. Foi aquela
então a mais remota noite de Natal. Bem diferente dos dias de hoje, sem a
euforia dos fogos e os grandes festejos. Sem o cansaço da luta do trabalhador
pelo ano que se finda.
Agildo Galdino - preside a Academia Caruaruense de Cultura, Ciências e Letras (ACACCIL). É professor e pesquisador. Tendo dezenas de crônicas e contos publicados em jornais e revistas muitos com cunho memorista.
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