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Antiga Feira de Caruaru - óleo sobre tela |
Nas aulas que produzi sobre ocupação humana no Brasil, sempre apresentei o princípio de que as cidades foram iniciadas como vilarejos coloniais, a partir daí o comércio de escambo (troca de mercadorias) e só então o reconhecimento como cidade. A soma da população formou cidades que acolheram o comércio. Essa regra só não vale para nossa querida cidade de Caruaru. Nos primórdios de nossa história, quando foi inaugurada a capela na fazenda Caruru, em meados de 1782, por ordem do capitão intendente José Rodrigues de Jesus, já se notava um agrupamento de pessoas na frente da referida edificação, que semanalmente se reuniam para comercializar produtos agrícolas, itens de uso pessoal e ferramentas como estribos, selas, arreios, etc.
Em 1848 fomos elevados à categoria de vila, e 1857 nos tornamos cidade. O detalhe que diferencia o processo é que a feira deu origem à cidade, marca ímpar no Brasil. Dando um salto na história, hoje temos a consolidação do processo social, não como uma feira, no singular, mas as feiras, no plural, afinal são 22 oficialmente registradas.
Vende-se de tudo em Caruaru: gado, carros e motos, artesanato, a badalada sulanca, feira tradicional além das que tomaram formatos de eventos, a exemplo da Fenagreste.
Em 2007 recebemos a titulação da nossa feira como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, um importante reconhecimento às tradições culturais naquele espaço. Lembro-me de toda a festividade da data, em visita na feira, o ministro Gilberto Gil e o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, ambos em companhia de Onildo Almeida, fizeram a entrega do diploma que confere à Feira de Caruaru o título de precioso para todos nós.
Decorridos 13 anos, temos um novo calendário de atividades, que visa ações de mapeamento da referida atividade cultural e a produção de um inventário que reúna uma série de materiais multimídia que catalogam as práticas da cultura estudada.
O conceito de referência cultural, como objeto de preservação do Estado, diz respeito às representações que configuram uma identidade da região para seus habitantes.
Nesse documento, deverão constar os pontos positivos e as medidas que precisarão ser adotadas para melhoria daquele espaço urbano, com o objetivo de fortalecer a nossa identidade bem como manter a titulação concedida pelo Ministério da Cultura e o IPHAN. Lembramos que se não forem atendidos todos os requisitos técnicos, poderemos sofrer sanções que prejudicariam todo o trabalho feito até hoje.
Para participar, cidadãos de qualquer idade, organizações e os próprios detentores desse bem podem se manifestar por meio do correio eletrônico dpi@iphan.gov.br ou via correspondência, enviando propostas para o Departamento de Patrimônio Imaterial – Diretor – SEPS Quadra 713/913, Bloco D, 4º andar – Asa Sul - Brasília – Distrito Federal – CEP: 70.390-135.
Todos estamos convocados para esse importante debate, e o olhar cuidadoso sobre a nossa feira maior, seara cultural não apenas de Caruaru, mas de toda a nossa gente nordestina.
*Prof. José Urbano
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