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"Deus visita a humanidade não porque está enraivecido, mas porque deseja despejar paz sobre homens e mulheres." imagem: Arte de Silvio Vitalino Neto |
O Verbo se fez carne. Deus se revelou na história.
1. Na encarnação, o tempo deixa de ser uma abstração e passa a ser uma dimensão de Deus.
O palco dos acontecimentos, a arena da história não é mais no céu, mas na terra. A vida acontece aqui e agora. Deus veio lutar pela vida entre nós. Ele não mais arbitra do alto, mas se empenha pela vida de dentro da história.
Na encarnação, o conceito de um Deus atemporal, distante de nós, que não experimenta passado, presente, futuro se esvazia. Na encarnação Deus quer experimentar o tempo.
Deus no tempo só conhecemos a partir de Jesus
2. Na encarnação, os espaços perdem gradações, hierarquias – ele nasce numa manjedoura.
Qual seria o lugar mais sagrado? Onde repousava Deus? Em algum nicho? Em alguma sacristia? Em algum altar? Não, ele pode ser encontrado uma manjedoura.
Ele nascer numa manjedoura é metáfora para nascer em corações menos valorizados. Em vidas menos avaliadas.
Tanto que
Se ele nasceu em um lugar tão desprestigiado, com certeza nascerá também no coração da mulher que ninguém daria nada por ela ou do homem que ninguém quer bem.
3. Na encarnação, as aparições de Deus perderam o poder de intimidar. Deus é revelado como afirmador da nossa humanidade.
Nas narrativas do nascimento de Jesus, há pelo menos 4 “não tenha medo”:
Glória a Deus nas alturas e paz na terra a homens e mulheres que ele quer bem.
Deus visita a humanidade não porque está enraivecido, mas porque deseja despejar paz sobre homens e mulheres.
Fica claro que o Deus de cara austera não passava de uma construção religiosa, visando provocar submissão pelo medo.
Agora podemos celebrar a vida. Deus é por nós.
4. Na encarnação, a primeira revelação real que temos de Deus vem no rosto de um menino.
Não mais um rei, não mais um juiz, não mais um general, não mais um esposo – Ele quer que guardemos essa primeira imagem. Quero que fiquemos com o rosto de um menino na retina na construção da nossa percepção de Deus.
Isaías 9.6: Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso, Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz.
“E os contadores de estórias nos disseram que ele [Jesus] gostava de crianças. Não queria que elas ficassem adultas. E aos já crescidos avisava que não se deixassem de ser como eram jamais veriam o reino dos céus. Teriam de voltar a ser crianças. Nicodemos se atrapalhou. Era homem adulto, respeitável, levava as coisas a sério, ao pé da letra, e pensou que Jesus falava de obstetrícia. Ao que ele retrucou: “Não é obstetrícia, Nicodemos, é o vento. O vento sopra…” E ele deve ter ficado mais confuso ainda. As crianças veem coisas que os adultos não podem ver”. Rubem Alves
Feliz Natal.
Soli Deo Gloria
Um comentário:
Excelente texto pra reflexão.
FELIZ Natal e Venturoso Ano Novo!
MALUDE MACIEL
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