19/06/18

Casa do Cordel é anunciada entre os vencedores do 3º Prêmio Ariano Suassuna de Cultura Popular e Dramaturgia


No sábado, 16 de junho passado, data em que Ariano Suassuna completaria 91 anos, o Governo de Pernambuco, por meio da Secult-PE e da Fundarpe, anunciou o resultado final do 3º Prêmio Ariano Suassuna de Cultura Popular e Dramaturgia.
Oito grupos e mestres da nossa cultura popular e 06 textos inéditos de dramaturgos foram reconhecidos e serão premiados em cerimônia no Palácio do Campo das Princesas, na próxima quinta-feira (21), a partir das 10h.
A 3ª edição do Prêmio recebeu um total de 164 inscrições (101 de dramaturgia e 63 de cultura popular), oriundas de todas as macrorregiões do Estado. A Presidente da Fundarpe, Márcia Souto, comenta que “o Prêmio está reconhecendo a contribuição de grupos, mestras e mestres da nossa cultura, e ainda contribuindo para a resistência das manifestações e folguedos que eles vêm representando e defendendo ao longo de suas vidas. No segmento de dramaturgia, o Prêmio tem revelado talentos, novos autores de textos teatrais da região metropolitana e também do interior, o que já começa a refletir de maneira positiva na cena do teatro pernambucano”.
O Secretário de Cultura Marcelino Granja comemora este momento contextualizando-o em um cenário de muitos avanços para a cultura e para a arte em Pernambuco. “Somado aos prêmios Hermilo Borba Filho de Literatura, ao Ayrton de Almeida Carvalho de Preservação do Patrimônio Cultural, e aos três novíssimos prêmios que estamos lançando – o Pernalonga de Teatro, o Pernambuco de Fotografia e, agora, o de Circo – podemos dizer que temos um conjunto forte de iniciativas que reconhecem o trabalho dos nossos artistas, seus saberes e práticas que só fortalecem a política cultural”, comenta Marcelino.
Durante a cerimônia de entrega do 3º Prêmio Ariano Suassuna, acontecerá ainda a assinatura do decreto que estabelece mais uma conquista: o Prêmio Palhaço Cascudo de Incentivo às Artes Circenses, cuja execução também ficará sob a responsabilidade da Secult/Fundarpe.
COMISSÃO
A seleção das propostas vencedoras na área de Cultura Popular foi realizada por uma comissão formada pelos profissionais Lúcio Enrico Vieira Attia, Edilson Walney Martins, Karla Danielle Santos de Oliveira, Maria do Rosário da Silva e Rafael Moura de Andrade. Na área de Dramaturgia, os pareceristas foram renomados críticos, diretores e dramaturgos contemporâneos do país: o pernambucano Quiercles Santana, o carioca Angelo Turci e o mineiro Daniel Toledo. Todos os integrantes foram selecionados por meio de convocatória pública específica para este fim.
VALORES DA PREMIAÇÃO
Os vencedores da categoria Mestres e Mestras dos Saberes e Fazeres foram contemplados com R$ 10 mil, cada. Na categoria grupo, o valor do prêmio é de R$ 15 mil. Na área de Dramaturgia, o prêmio para o primeiro lugar é de R$ 10 mil; e R$ 7 mil para o segundo colocado.
VENCEDORES NO SEGMENTO CULTURA POPULAR
RMR – GRUPO
Caboclinho Carijós do Recife
Foto: Jan Ribeiro/CulturaPE


A Tribo Indígena Carijós do Recife, ou como é mais conhecida “Caboclinho Carijós do Recife”, foi fundada em 6 de março de 1896, sendo a tribo de caboclinhos mais antiga de Pernambuco. A agremiação tem como símbolo o caboclo Carijós, presente no estandarte que traz as cores oficiais do grupo, o verde e o vermelho, que simbolizam, respectivamente, a mata e a guerra. Há 12 décadas o grupo realiza um trabalho social na Zona Norte do Recife, assim como oficinas de dança, instrumentos musicais, produção de fantasias e adereços, entre outros saberes. O aspecto da religiosidade se expressa nos rituais indígenas da pajelança. A maioria dos mestres e caboclos atuam na Jurema Sagrada. Já conquistou diversos títulos carnavalescos e, dentre tantas homenagens já recebidas, destaque para a outorga concedida pela Prefeitura do Recife durante o Carnaval de 2017.
RMR – MESTRE
Mestre Zé Negão (Camaragibe)
Jonathan Salvatore/RevistaContinente
Jonathan Salvatore/RevistaContinente
Mestre Zé Negão
Nascido em Goiana, em 1950, José Manoel dos Santos (Mestre Zé Negão) tornou-se Griô de tradição oral reconhecido pelo Ministério da Cultura por seu empenho na transmissão de saberes. Cresceu entre o corte da cana, os batuques do tambor e as vivências populares das escolas de samba, do cavalo marinho e do coco de senzala. Este último, um remanescente do batuque do mestiço, um folguedo criado pelos negros escravizados nos engenhos de cana de açúcar. Há cerca de 30 anos morando em Camaragibe, Mestre Zé Negão desenvolve um importante trabalho de preservação da memória e da tradição do Coco de Senzala na comunidade João Paulo II. Rodas de memórias, oficinas e vivências em escolas públicas da cidade e na residência do Mestre já formaram diversos aprendizes que hoje compõem um grupo musical bem estruturado. Em 2014, foi inaugurado em Camaragibe o espaço comunitário “Canto das Memórias Mestre Zé Negão”, que passou a ser a base das atividades do grupo, local de preservação e difusão do Coco de Senzala e de contínua reverência ao Mestre.
AGRESTE – GRUPO
A difusão da literatura de cordel como bem material em âmbito nacional (Caruaru)
Reprodução
Reprodução
Projeto é desenvolvido pela Academia Caruaruense de Literatura de Cordel
Poetas, professores, artesãos e estudiosos da literatura se reuniram no ano de 2005, em Caruaru, para fundar a Academia Caruaruense de Literatura de Cordel (ACLC). De lá até aqui, o grupo realiza ações em escolas, festivais literários como “Arrasta Cordel” e o “O maior cordel do mundo”(2009), além de programações como “Sábado Cultural” e “Café e Cordel”, com recitais e cantorias. As atividades permanentes ocupam a Estação Ferroviária de Caruaru, onde o grupo planeja seus principais eventos: Festival Literário Arrasta Cordel, Expocordel, Concursos Literários e Oficinas de cordel e xilogravura. O Prêmio Ariano Suassuna vai contribuir para a manutenção desse proposta maior da Associação, que é “A difusão da literatura de cordel como bem material em âmbito nacional”.
AGRESTE – MESTRA
Vera Lúcia de Medeiros | Renda Renascença – Memórias (Poção)
Lenice Queiroga
Lenice Queiroga
Vera Lúcia de Medeiros
Vera Lúcia de Medeiros nasceu em 10 de setembro de 1958, na cidade de Poção. Tinha oito anos de idade quando foi morar com sua tia Mestra Lala, a primeira professora e coordenadora do núcleo produtivo da renda Renascença em Poção, juntamente com D. Áurea Jatobá, desenhista dos riscos e comerciante das peças. Fundando nos anos 40, o núcleo atravessa o tempo formando diversas mulheres rendeiras e perpetuando a tradição da renascença no Agreste pernambucano. Após a morte de Lala, Vera assumiu o posto de mestra guardiã da memória de sua tia, sempre repassando informações e imagens para pesquisadores, jornalistas, crianças, estudantes de designer e demais interessados na história desta tradição.
ZONA DA MATA – GRUPO
No Passo do Cavalo Marinho Estrela de Ouro (Condado)
Jan Ribeiro/CulturaPE
Jan Ribeiro/CulturaPE
Cavalo Marinho Estrela de Ouro
Folguedo tradicional de cultura popular e teatro de rua da Mata Norte pernambucana, o Cavalo Marinho Estrela de Ouro foi fundando em 31 de julho de 1971 pelo Mestre Biu Alexandre. Hoje, é o único cavalo marinho com quatro gerações de brincantes envolvidos na agremiação e conta ainda com a participação constante de Sebastião Pereira de Lima (Seu Martelo), que com 81 anos de idade é o ‘Mateus’ mais idoso em atividade no Brasil. O Prêmio Ariano Suassuna vai contribuir para a preservação da memória desta expressão popular e fortalecer as atividades de transmissão de saberes realizadas pelo grupo.
ZONA DA MATA – MESTRE
Mestre Ciriaco do Coco (Glória do Goitá)
Reprodução
Reprodução
Mestre Cririaco
João Sebastião do Nascimento é o nome de batismo de um mestre da cultura popular pernambucana nascido no dia 23 de junho de 1928, em Glória do Goitá. Às vésperas de completar 90 anos de idade, Mestre Ciriaco do Coco está em plena atividade e comanda o projeto “Casa do Coco Mestre Ciriaco”, um espaço de preservação da dança e do canto característicos do coco de roda. É lá que o mestre recebe grupos da terceira idade dos municípios vizinhos e promove a inclusão cultural deste segmento. A transmissão de saberes do Mestre acontece com crianças e jovens da comunidade do Sítio Urubu e, claro, com seus filhos e netos. Quem puxa seu coco de roda atualmente é o Mestre Queno de Alagoinha, filho de Ciriaco, que aprendeu com o pai a cantar.
SERTÃO – GRUPO
Grupo de Coco Tebei de Cultura Popular de Tacaratu
Magda Silva/SecultPE
Magda Silva/SecultPE
Coco Tebei
Surgido na zona rural de Tacaratu, mais especificamente no povoado Olho D’água do Bruno, o Coco Tebei nasceu em meio aos mutirões que os habitantes da localidade realizavam para construir casas de barro. Durante o acabamento do piso, virou costume os moradores se dividirem em casais e pisarem forte no chão, ao som de um batuque, e cantarem músicas que surgiam durante a lida na roça. Mesmo com a chegada das casas de alvenaria, a tradição do coco tebei permanece em Tacaratu, é repassada aos estudantes, tema de projetos desenvolvidos em sala de aula e atração certa nos festejos da região.
SERTÃO – MESTRA
Maria Dulce de Lima Pessoa (Tabira)
Reprodução
Reprodução
Dulce Lima (ao centro) recebendo homenagem em 2017
Após se aposentar como professora, Maria Dulce de Lima Pessoa, natural de Tabira, tornou-se militante e entusiasta da poesia dos cantadores de viola, do repente e do cordel. Em 1994, ajudou a fundar a Associação dos Poetas e Prosadores de Tabira, entidade responsável pela realização de diversas manifestações literárias na região, como a Missa do Poeta e a Mesa de Glosas. Atualmente, comanda um programa de rádio semanal dedicado às tradições do Pajeú, facilita oficinas de poesia popular e crônicas poéticas, e promove passeios poéticos, cafés literários, recitais em feiras públicas e outros eventos do gênero que ajuda a preservar no sertão pernambucano.
VENCEDORES NO SEGMENTO DRAMATURGIA
CATEGORIA TEATRO ADULTO
1º lugar
Texto: Terminal
Autor: Rodrigo Dourado, natural do Recife. Professor da UFPE. Dramaturgo, diretor e ator, além de pesquisador especializado na área. Integrante do Grupo de Teatro de Fronteira.
Reprodução
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Rodrigo Dourado
2º lugar
Texto: Desculpe o atraso, eu não queria vir
Autor: Cleyton Cabral, de Olinda. Ator, publicitário e premiado escritor. Já foi vencedor da 1ª edição do Prêmio Ariano Suassuna.
Reprodução
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Cleyton Cabral
CATEGORIA TEATRO PARA INFÂNCIA
1º lugar
Texto: Tempo de Flor
Autor: Alexsandro Souto Maior, de Olinda. Além de ator e compositor, é escritor, organizador e curador de evento literário, produtor cultural e diretor de teatro. Tem experiência na área de Letras.
Rogério Alves
Rogério Alves
Alexsandro Souto Maior
2º lugar
Texto: Recital para revoar
Autor: Djaelton Quirino, de Arcoverde. Ator, palhaço, pesquisador, dramaturgo e diretor do Grupo de Teatro de Retalhos. Também com experiência em audiovisual.
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Djaelton Quirino
CATEGORIA TEATRO DE ANIMAÇÃO
1º lugar
Texto: Mariolengo
Autor: Alex Apolonio Soares, de Garanhuns. Ator, bonequeiro e dramaturgo. Já foi vencedor da 1ª edição do Prêmio Ariano Suassuna.
Reprodução
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Alex Apolonio
2º lugar
Texto: Do barro se fez amor
Autor: Anderson Leite, do Recife. Encenador, ator e dramaturgo. Integrante do Grupo São Gens de Teatro e da Delfos Produções.
Reproduçao
Anderson Leite
SERVIÇO
SOLENIDADE DE ENTREGA DO 3º PRÊMIO ARIANO SUASSUNA DE CULTURA POPULAR E DRAMATURGIA E DA ASSINATURA DO DECRETO INSTITUINDO O PRÊMIO PALHAÇO CASCUDO DE INCENTIVO ÀS ARTES CIRCENSES
Quando: Quinta-feira, 21/06, às 10h
Onde: Palácio do Campo das Princesas (Recife)
Evento aberto a todos os interessados

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