19/06/18

Sons da Estação Ferroviária de Caruaru

Lembro-me do Trem serpenteando os bairros de Caruaru. Tenho saudades do som da máquina, do som das rodas de ferro nos trilhos, do fumaceiro das chaminés... Onde famílias, pais e filhos, locomoviam-se pra lá tal qual expectativa de ver um espetáculo. Eu mesmo viajei com meu pai, quando ainda pequeno. Não entendiam como funcionava, para eles era um miráculo! Mas tudo passou e só resta a lembrança.
Locomotiva a vapor Articulada Beyer Garratt, na estação de Caruaru-PE, meados dos anos 1950 (Autor desconhecido).
Hoje há outro espetáculo, outro som na Estação, talvez com a mesma pujança. Poetas serpenteiam pelos espaços resistindo aos embaraços nesses tempos de insegurança. Resistência poética, com usos e costumes diferentes, causando até estranheza.
Tão novos e tão influentes poetizando com destreza.
São despoetas poetizados. São artistas populares, são seres espetaculares. Entrelinhados pela poesia Bradockiana desbocando na rua da má fama.
Poesia dita marginal, na maioria autoral. Margeando a Estação, distribuindo emoção. Eis cada protagonista: Nay Harrison, a princesinha do absurdo, Iran Bradock, Luiz Ribeiro vai seguindo a lista. Fael Bezerra, Samuel Auerbach, David Garcia o violonista, Urbano Leafa, parece um ator. Marcelo Barbosa, Mozart Oliveira, Gabriel Bezerra o cantor. Tenório Pierre, Janduy nascimento. Todos com refinada arte, fazendo som na Estação e cultura de entretenimento.
Estou afastado das atividades artísticas e consequentemente do convívio saudoso da Estação. Mas torcendo que, os interesses da política pública partidária, deixe prevalecer os interesses da política pública cultural.
Só assim os sons na Estação soarão com mais qualidade.

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