13/07/18

GENTE DO PETRÓPOLIS: AMIGOS DA “ESQUINA DO PECADO”


Ah! Meu bairro, onde vivi parte de minha vida estás tão diferente, com muito mais gente, casas, ruas e avenidas e carros. Mas os amigos continuam sendo meus amigos. Se antes não interrompi meu silêncio para falar da saudade antiga, do carinho por você, me perdoe, mas nunca é tarde. Entretanto me desculpe, ainda não irei me debruçar profundamente sobre tuas histórias nesse momento.

Apenas vamos fazer um sobrevoo rápido por algumas veredas das lembranças de outrora. Queiramos ou não, vivemos de recordações. Não que sejamos saudosistas, mas a mocidade me traz muitas saudades. Por outro lado, mesmo com as rugas no rosto, é assim que vejo: “Que mundo maravilhoso!” E como nos ensina Violeta Parra: “Voltar aos 17 depois de viver um século/É como decifrar sinais sem ser sábio competente/Voltar a ser de repente tão frágil como um segundo/Voltar a sentir profundo como um menino diante de Deus/Isso é o que sinto neste instante fecundo”.

Antes de viver as primeiras madrugadas, logo em 1960 fui morar do outro lado do rio Ipojuca, no bairro Petrópolis onde até hoje reside d. Maria com 87 anos, feliz da vida por poder congregar na 4ª Igreja Presbiteriana em frente à sua casa, rua Antenor Navarro. Que benção!

Não existia ainda a Paróquia de São José e nem o nosso padre Zenilson Tibúrcio. O monsenhor Bernardino era quem celebrava a missa aos domingos no Seminário. Residia ali perto onde hoje é o SAMU.

Meses depois de termos nos assentado ali, chega a família Carvalho, que comprara a casa de número 35 na mesma rua Antenor Navarro. Seu José Augusto de Farias e sua esposa d. Maria Helena de Carvalho, irmã do monsenhor Bernardino, eram os pais daquele que se tornaria meu dileto amigo, meu irmão Bernardino Carvalho de Farias. Até hoje nossa amizade perdura sem nunca jamais ter ocorrido qualquer conflito, que a tenha afligido. Juntamente com ele compunham aquela nobre família um irmão, de nome Dermeval e as irmãs Dilma, Carmita, Georgina e Terezinha.

No Grupo Escolar Pedro de Souza, fomos estudar juntos. Nossa professora era a insubstituível dona Judite de Souza. A diretora era a inesquecível professora Natália que mantinha um time de futebol para representar o Grupo Escolar e fazíamos parte da equipe.

Mais adiante passamos frequentemente a nos reunir sob uma árvore, em uma das principais esquinas do bairro, convergência da avenida João de Barros e avenida Azevedo Coutinho. Nessa época, Bernardino já se destacava por sua inegável e apregoada inteligência, pelo conhecimento e posição política que expressava. Lembro-me perfeitamente, ele se opunha fortemente ao imperialismo americano. Se apaixonará pela jovem professora Rosário Batista, uma das filhas do célebre mestre Osvaldo com quem se casara. Felizes até hoje.
Apenas alguns dos amigos frequentadores daquele espaço citarei nesse momento: Antônio Avelino (Nino), Astrogildo Cavalcanti (Gildo) Bernardino, Luizinho, Flávio e Rubens Dantas. Gonzaga e José Hélio Cursino, Roberto e Gilberto Veras, José Neto (Zé), Nego Tonho, Otoniel Machado, Valder Brindes e Waldênio Gouveia.

O “point” ficou conhecido por “Esquina do Pecado” nome atribuído por Dom Augusto de Carvalho. Tornou-se tão conhecido que quando alguém do
grupo era procurado e não encontrado em sua residência, logo vinha a resposta: deve estar na Esquina do Pecado. Ali contava-se piadas, falava-se das madrugadas vividas, dos amores, dos desencontros, dos sonhos, falava-se da vida. Enfim, éramos idealistas.


Agildo Galdino Ferreira
Membro da Academia Caruaruense de Cultura, Ciências e Letras

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