17/10/18

Teresa d’Ávila, a santa poetisa por Jénerson Alves


Entre os santos católicos, há personagens de proeminência tamanha que são celebrados até mesmo por ateus e livres pensadores. Santa Teresa d’Ávila é assim. A partir de sua vida, é possível tirar lições preciosas. Além disso, ela é autora de uma obra viva e vasta, levando luz e ensinamentos para leitores de todas as épocas e lugares. Sua festa litúrgica acontece no dia 15 de outubro.


Nascida no dia 28 de março de 1515, desde cedo iniciou uma vida de estudos e orações. Conta-se que, quando criança, sua brincadeira preferida era “fundar mosteiros”. Seus pais sempre foram preocupados com sua formação educacional e cristã. Porém, sua mãe, Beatriz de Ahumada, morreu em 1529, quando Teresa contava com apenas 14 anos de idade. Poucos anos depois, seu pai, Alonso Sanches, internou-a no mosteiro de Nossa Senhora da Graça, o que a fez desenvolver ainda mais seu desejo por Deus, principalmente por causa da influência da monja Maria de Briceño. Depois, ingressou na Ordem das Carmelitas, onde desenvolveu um trabalho de reforma destacado até os dias de hoje.

Seu talento para a escrita desabrochou na fase adulta, dos 45 aos 67 anos. Com inconteste habilidade com as palavras, cultivou os mais variados gêneros. Uma das características de sua obra é a linguagem simples, escrevendo quase como quem fala, o que, de certa forma, evidencia sua humildade e espiritualidade. Obras como ‘O Caminho da Perfeição’, ‘Castelo Interior’ e ‘Fundações’ são motivo de inspiração e estudo. O seu ‘Livro da Vida’ é um trabalho autobiográfico e talvez seja a mais conhecida obra de Teresa d’Ávila, na qual ela relata inclusive grandes experiências místicas que passara ao longo da vida.

Uma das principais mensagens de Santa Teresa revela-se como um convite para amar plenamente a Deus, através de uma relação com Ele, com o próximo e consigo mesmo. Com tanto amor divino fluindo em seu interior, o caráter de Teresa era de alegria e de vivacidade, de modo que era comum vê-la cantar, principalmente em momentos de recreio. Portanto, sua história de vida é a história de sua alma, ou seja, de sua relação com Deus. Teresa d’Ávila faleceu em 1582, mas seu legado é reconhecido até mesmo por evangélicos, a despeito de ela ter sido contrária à Reforma de Lutero.

Durante uma aula sobre a vida de Santa Teresa d’Ávila, disponível na internet, o padre Paulo Ricardo pontua: “Em uma época na qual as mulheres eram tidas como fracas, como o sexo frágil, ela, ao contrário, sempre foi uma mulher muito forte e decidida”. O teólogo evangélico Jürgen Moltmann ressalta que Teresa teve uma íntima e consciente amizade com Deus, proveniente de uma vida de oração. “Em uma comunhão sob a cruz, Teresa de Ávila não é somente uma ‘santa’ e ‘doutora’ espanhola, mas, e principalmente, irmã de todos os amigos de Deus sobre a terra”.

Seu livro ‘Poemas’ reúne 30 composições poéticas, incluído canções, honras aos santos (a exemplo de São Hilarion, Santa Catarina de Alexandria e Santo André), e poemas de caráter familiar. Estudiosos apontam que não é possível indicar quando houve a primeira edição dos seus poemas, pois somente no século XVIII suas obras poéticas passaram a ser estudadas, mediante o trabalho do padre Andrés de la Encarnación. A primeira publicação dos seus poemas que se tem notícia ocorreu em 1881, por Vicente de la Fuente, que deu seguimento aos estudos de padre Andrés.

Como degustação, convido você a ler este pequeno poema, em espanhol, que, com certeza, vai tocar o seu coração:

Nada te turbe
Nada te turbe,
nada te espante,
todo se pasa,
Dios no se muda,
la paciencia
todo lo alcanza.
Quien a Dios tiene
nada le falta.
Sólo Dios basta.

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