12/02/19

NO JULGAMENTO DO SÉCULO: CULPADO! Por: Rivio Xavier Jr.*


Um dos maiores julgamentos, em importância, teve seu veredicto: El Chapo é culpado! foi o que disseram o júri popular que durante quase três meses examinou os depoimentos e o conjunto de provas apresentadas contra Joaquín Guzmán Loera, no maior julgamento por narcotráfico já realizado.

Quando foi extraditado para os Estados Unidos há dois anos, El Chapo foi denunciado por 17 crimes. O Ministério Público tinha que provar que ele distribuiu drogas de maneira combinada e que agiu como gestor da organização. Também que subornou, torturou e assassinou para proteger e fazer seu negócio ilícito prosperar, missão até fácil, se não fosse a falta de provas concretas.

Durante todo o julgamento, foram usados vários depoimentos e centenas de provas para demonstrar como El Chapo se mancomunou com um grupo de criminosos para compartilhar os benefícios e os riscos do narcotráfico. Ismael El Mayo Zambada, ainda foragido, foi identificado como o outro líder da organização. Ajudavam-se para ficarem mais fortes compartilhando o território, a infraestrutura, o investimento nos carregamentos e os pistoleiros, em uma organização de dar inveja a estrutura comercial de grandes empresas.

Uma das provas foi crucial para demonstrar que El Chapo estava no comando foi ter ordenado a criação de um sofisticado sistema de comunicações de forma criptografadas com seus cúmplices para proteger o negócio. E, claro, o recurso da violência. “Como chefe”, disse Goldbarg, “decidia quem vivia e quem morria”. Tampouco se importou, disse, “em manchar as mãos de sangue” executando qualquer um que representasse uma ameaça.

Mesmo que se tratasse de um julgamento por narcotráfico, os delatores descreveram como a corrupção se infiltrou em todos os níveis de governo no México. A defesa de El Chapo, claro, argumentou que se trata de uma trama e denunciou uma conspiração entre as autoridades mexicanas e o governo dos EUA para que El Mayo Zambada continue agindo à vontade após meio século liderando o cartel, enquanto lhes paga subornos.

El Chapo, concluiu a promotoria, desenhou e executou assim um plano para dominar o mundo da droga. Mas tudo acabou para ele agora, onde apenas 12 cidadãos do Brooklyn decidiram que ele deve pagar por seus crimes. Uma pequena vitória da justiça contra o império das drogas.

*Rivio Xavier Jr. é professor historiador, analista de política internacional e assessor parlamentar.

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